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ENCONTRO CCLP
01/04/2008 - LUSA
No Rio, CPLP propõe ação de combate à Aids entre mulheres
Uma carta de intenções aprovada nesta terça-feira na 1ª Reunião Ministerial de Políticas para as Mulheres e HIV/Aids entre países de língua portuguesa, no Rio de Janeiro, será levada à apreciação dos chefes de Estado da CPLP, em julho.
"A carta reafirma o empenho dos membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa na luta contra o HIV/Aids, tendo em conta a necessidade de promoção do tratamento e prevenção em relação às mulheres", afirmou à Lusa o secretário executivo da CPLP, Luís Fonseca, que participa do encontro.
O embaixador disse que o documento, a ser apresentado também na 1ª Reunião dos Ministros da Saúde da CPLP, dias 11 e 12 de abril na cidade da Praia, em Cabo Verde, será submetido aos chefes de Estado da CPLP durante a reunião de julho, em Lisboa.
"Há um interesse evidente por parte dos estados membros em reafirmar a sua disponibilidade no combate à Aids entre as mulheres", declarou Fonseca, elogiando a iniciativa brasileira de propor ações conjuntas dos países lusófonos na luta contra a feminização da epidemia.
A representante de Portugal na reunião, Elza Pais, lembrou que, apesar de os países da CPLP apresentarem características muito diferentes em relação à epidemia de Aids, há um denominador comum, que é o crescimento do número de casos entre as mulheres.
A presidente da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Gênero da Presidência do Conselho de Ministros disse à Lusa que a tônica adotada no encontro sobre a necessidade de se promover a igualdade de gênero é fundamental.
Na avaliação de Elza Pais, "não se pode combater o HIV/Aids nas mulheres enquanto não se promover a igualdade de gênero", área em que Portugal aumenta significativamente o financiamento.
No atual quadro estratégico, Portugal vai investir 83 milhões de euros até 2013 nas políticas de igualdade de gênero.
Segundo Elza Pais, de cerca de mil casos de Aids notificados em Portugal no ano passado, 700 foram registrados em homens e 300 em mulheres, com aumento crescente da epidemia particularmente em mulheres com relações heterossexuais e casadas.
No mundo todo, as mulheres já representam 50% da população infectada.
Elza Pais elogiou a iniciativa do governo brasileiro de realizar uma reunião para construir uma agenda intersetorial de combate à Aids entre as mulheres da CPLP.
"É uma iniciativa extraordinária do governo brasileiro, porque nos permite trocar boas práticas, refletir em conjunto e desenhar estratégicas comuns no âmbito da CPLP. Todos juntos temos muito mais força", concluiu.
Durante os dois dias da reunião, que começou segunda-feira, foram discutidos largamente as causas que contribuem para a vulnerabilidade feminina à epidemia da Aids.
Entre esses fatores estão a desigualdade nas relações de poder entre homens e mulheres, o menor poder de negociação das mulheres quanto ao uso de preservativo e falta de percepção das mulheres sobre o risco de se infectar pelo HIV.
Também foram pontos de debate na "1ª Reunião Ministerial de Políticas para as Mulheres e HIV/Aids: Construindo Alianças entre Países de Língua Portuguesa para o Acesso Universal" a discriminação e o preconceito relacionados à raça e à etnia e a violência doméstica e sexual contra mulheres e meninas, como estupro e mutilações.
As ações para o combate à Aids entre as mulheres lusófonas contarão com recursos do Programa das Nações Unidas para o HIV/Aids.
Durante o encontro no Rio de Janeiro, o diretor-executivo-adjunto do UNAIDS, Michel Sidibé, anunciou um acordo com o Ministério da Saúde do Brasil que prevê uma verba de US$ 1,5 milhões para o Centro Internacional de Cooperação Técnica em HIV/Aids.
Os recursos darão suporte para as ações de cooperação entre os países em desenvolvimento, com prioridade para os membros da CPLP.