Notícias

15ª CONFERÃNCIA DE RETROVÃRUS

03/03/2008 - CROI

Tratamento Anti-HIV

Tratamento Anti-HIV

Mais evidências para início antecipado do tratamento para HIV?
Atualmente, os princípios para tratamento de HIV recomendam que a terapia anti-HIV deva ter início quando a contagem de células CD4 de uma pessoa estiver em cerca de 350 células/mm3.
Mas há situações em que o tratamento deva ser iniciado quando as contagens de células CD4 estiverem ainda mais altas?
Evidências apresentadas à CROI sugerem que sim. Os investigadores observaram as taxas de progressão da doença do HIV e de morte de 23 coortes. Eles descobriram que os indivíduos HIV-positivos corriam um maior risco de vida do que a população em geral, mesmo quando as contagens de CD4 estavam acima de 350 células/mm3.
Mais de 46.000 pacientes foram incluídos na análise dos pesquisadores. Homens gays tiveram apenas um ligeiro aumento no risco de morte comparados à população em geral, mas, para os homens heterosssexuais e as mulheres, o risco de morte foi três vezes maior e, alguns, dez vezes maior para usuários de drogas injetáveis.
Embora os pesquisadores saibam que outros fatores, adversos ao HIV, podem ser a base para o maior risco de morte em alguns pacientes, particularmente os usuários de drogas injetáveis, eles acreditam que o próprio HIV estava causando as mortes, mesmo entre os pacientes com contagens de células CD4 mais altas.
Os resultados desse estudo parecem contribuir para a discussão sobre qual seria o melhor momento para começar tratamento anti-HIV. Hoje, alguns médicos pensam que o início de terapia anti-retroviral, quando a contagem de células CD4 estiver em 500 células/mm3t, traz benefícios.


Benefícios do início do tratamento quando o paciente apresenta uma infecção oportunista

Recomenda-se, geralmente, aos pacientes doentes por infecções oportunistas, que iniciem terapia anti-HIV assim que possível.
Um estudo apresentado à CROI demonstra que a introdução da terapia anti-HIV, enquanto um paciente ainda estiver em tratamento para suas infecções oportunistas, além de não aumentar o risco dos efeitos colaterais, reduz o risco de morte ou progressão da doença. Em outras palavras, seria melhor do que esperar até o término do tratamento para a infecção oportunista.
Pesquisadores americanos compararam dois grupos de pacientes que estavam doentes devido ao HIV e que não estavam em terapia anti-retroviral. Um grupo de pacientes começou, ao mesmo tempo, a terapia anti-HIV e o tratamento para suas infecções oportunistas. O outro, esperou para começar o tratamento anti-HIV até que a terapia para suas infecções tivesse sido finalizada.
O estudo não incluiu pacientes com tuberculose.
No geral, pouco menos da metade dos pacientes que iniciaram tratamento anti-HIV de forma imediata ou adiada sofreram maior progressão da doença do HIV e conseguiram baixar suas cargas virais para níveis indetectáveis.
Entretanto, análises adicionais dos resultados mostraram que os pacientes que adiaram o tratamento anti-HIV foram cerca de 50% mais prováveis de desenvolver uma outra doença causadora da AIDS, ou morrer, do que aqueles em tratamento imediato. E as contagens de células CD4 aumentaram mais lentamente naqueles que esperaram para iniciar o tratamento.
O início imediato do tratamento não apresentou maiores riscos. Uma vez que o tratamento foi iniciado, não houve diferença nem nas taxas de aderência entre os dois grupos de pacientes nem no risco de desenvolver uma síndrome inflamatória de reconstituição imunológica.


Marcadores biológicos talvez expliquem o risco das interrupções do tratamento

Pacientes que fazem interrupções no tratamento apresentam mais indicadores de inflamação, assim como de disfunção no revestimento dos vasos sangüíneos. De acordo com o estudo SMART, tal fato explicaria o maior risco de doença e morte devido às doenças normalmente não-associadas ao HIV, como doenças do coração, dos rins e do fígado.
Pesquisadores analisaram os resultados dos estudos sobre interrupção do tratamento SMART e STACCATO. Eles relataram à CROI que a replicação do HIV, durante as interrupções estruturadas do tratamento, afetou os principais marcadores biológicos que indicam inflamação, aumento dos coágulos sangüíneos e disfunção endotelial – diminuição da flexibilidade no revestimento dos vasos sangüíneos, um primeiro sinal de doença cardíaca.