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A LUTA CONTRA O HIV
11/01/2008 - Folha de São Paulo
Estudo acha 273 "alvos" para guerra contra o HIV
Estudo acha 273 "alvos" para guerra contra o HIV
VÃrus seqüestra dezenas de proteÃnas para se replicar
O HIV é um seqüestrador eficiente de proteÃnas humanas. Análise genética feita por cientistas nos Estados Unidos conseguiu identificar 273 potenciais "reféns" usados pelo vÃrus para se multiplicar dentro do organismo que ele invade. Essa mirÃade de possibilidades abre novos caminhos para o estudo cientÃfico da Aids e do HIV.
Até hoje, apenas 36 proteÃnas desse tipo, usadas pelo invasor como meio para se multiplicar no interior do seu hospedeiro, haviam sido identificados pelos cientistas. Mas, após o estudo publicado hoje na revista "Science", a lista de "seqüestráveis" cresce bastante.
Existe um paradoxo que é só aparente neste novo passo da guerra contra a Aids. Se o quadro bioquÃmico ficou mais complicado -com um número de interações entre vÃrus e células humanas muito maior-, existem também mais "cativeiros" para serem investigados.
"Em tese, não seria necessário desenvolver drogas que combatessem todas as 273 ligações. Se controlarmos apenas um desses "seqüestros", poderÃamos ter sucesso contra o HIV", afirmou à Folha Stephen Elledge, pesquisador da Escola de Medicina de Harvard e principal autor do estudo.
Como o HIV tem um arsenal biológico bastante simplório (nove genes que codificam 15 proteÃnas), todo o seu poder de fogo está na capacidade que ele tem de usar o maquinário celular do organismo invadido.
As 273 proteÃnas humanas encontradas agora são os chamados "fatores de dependência do HIV". "A expansão dessa lista de alvos é uma espécie de máquina geradora de hipóteses [para o desenvolvimento de novas pesquisas e drogas", explicou Elledge.
Sem controle
O processo de invasão tem várias etapas. Basta um desses canais ser ativado para que a proliferação viral ocorra.
Após a ligação do vÃrus com um fator de dependência, o RNA viral (molécula-irmã do DNA na qual estão codificados os genes do HIV) será transformado em DNA. Desta forma ele consegue chegar ao núcleo das células humanas e traduzir seus genes em proteÃnas. Estas darão origem a novos vÃrus, que saem da célula infectada e se espalham pelo hospedeiro.
O rastreamento das 273 proteÃnas foi feito por meio de uma técnica que corta e cola as moléculas de RNA. "Esse é um procedimento bastante barato em comparação com outros estudos genômicos. Ele custou US$ 70 mil. Seqüenciamentos de DNA de tumores podem chegar aos US$ 10 milhões."