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HIV/AIDS EM PORTUGAL

22/11/2007 - Lusa

Portugal segue como país com maior incidência de Aids na UE

Portugal continua a ser o país da União Européia com maior incidência de Aids e de transmissão do vírus HIV entre consumidores de droga injetável, segundo um relatório europeu divulgado nesta quinta-feira.

Estes são dados que constam do relatório de 2007 do Observatório Europeu da Droga e da Toxicodependência (OEDT), hoje divulgado em Bruxelas, intitulado "Evolução do Fenômeno da Droga na União Européia" e que estende os seus estudos à Noruega e à Turquia.

A informação constante no relatório deste ano da agência européia reporta a dados fornecidos pelos Estados-Membros relativos a 2005, tendo uma fonte do OEDT admitido à Lusa que a permanência de Portugal no topo deste 'ranking' poderá estar relacionado com o fato de a Espanha e a Itália (que nos últimos anos têm liderado o pelotão da frente nesta matéria, ao lado de Portugal e França) não terem entregue a totalidade dos dados daquele ano.

De acordo com o relatório do OEDT que divulga as últimas informações sobre o problema da droga na Europa, "Portugal continua a ser o país com maior incidência de Aids relacionada com o consumo de droga injetada, com 36 novos casos estimados por milhão de habitantes em 2005, quando em 2004 referia apenas 30 casos por milhão".

"Além disso, a mortalidade total resultante da Aids (que está muito provavelmente relacionada com o consumo de droga injetada) não diminuiu entre 1997 e 2002, indicando que o acesso à terapia anti-retroviral altamente ativa (HAART) poderá ter sido baixo durante esse período", diz o OEDT.

No que se refere ao vírus HIV, Portugal é também citado pelo OEDT como registrando "o mais elevado índice de transmissão de HIV entre os Consumidores de Droga Injetável (CDI) dos países da UE com dados disponíveis (850 novas infecções diagnosticadas em 2005)".

A agência européia refere que em 2005 a taxa de transmissão do HIV entre os CDI "era baixa na maioria dos Estados-Membros", "panorama positivo que pode ser entendido no contexto da maior disponibilidade das medidas de prevenção, tratamento e redução de danos, bem como da menor popularidade do consumo de droga injetável em alguns países".

Embora o consumo de droga injetada tenha perdido importância como via de transmissão do HIV o OEDT estima que em 2005 ainda foi responsável por cerca de 3.500 novos casos de HIV diagnosticados na UE e considera que "este valor pode ser baixo, mas em termos históricos constitui, mesmo assim, um importante problema de saúde pública".

O relatório informa que entre 100.000 e 200.000 europeus que já consumiram droga injetada estejam presentemente infectados com o HIV.

No caso português, o OEDT salienta no seu relatório as medidas de prevenção e redução de danos de doenças infecto-contagiosas há vários anos adotadas por Portugal, sublinhando que o programa de troca de seringas estabelecido em parceria com as farmácias abrange 50% do território, havendo também trocas disponíveis através de viaturas preparadas para o efeito e que são colocadas junto aos locais de uso mais freqüente.

O relatório do OEDT revela que em 2005 em Portugal mais de 1.300 farmácias participaram no programa, trocando cerca de 1,4 milhões de seringas.

No âmbito da redução de danos foram também aprovados em Portugal em 2007 programas de troca de seringas nas prisões.

Portugal aparece também nas cifras negras relacionadas com as mortes por consumo de droga na UE, estimando o OEDT que em 2005 tenham ocorrido entre 7.000 e 8.000 mortes relacionadas com o consumo de estupefacientes na UE e na Noruega, na sua maioria ópios como a heroína.

Segundo a agência européia, Portugal e a Grécia registraram entre 2003 e 2005 aumentos superiores a 30% nas mortes relacionadas com o consumo, o mesmo acontecendo com a Áustria entre 2002 e 2005 e com a Finlândia entre 2002 e 2004.

"A escalada do consumo de heroína e da droga injetada foi a causa provável dos aumentos anteriores do número de mortes, mas tal não se verifica neste momento, em que o consumo de heroína parece ter estabilizado na maioria dos países europeus", refere o OEDT, cujo diretor, Wolfgang Goetz, sublinha ser "urgentemente necessário investigar por que razão a mortalidade relacionada com o consumo de droga permanece tão elevada".

Na opinião dos técnicos do OEDT, entre os fatores de risco que poderão estar a contribuir para o problema, incluem-se o maior policonsumo (consumo de várias substâncias) pelos utilizadores de drogas e um aumento da disponibilidade da heroína.

Alexandre Ribeiro de Almeida, da agência Lusa