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AIDS E ABSTINÊNCIA
03/08/2007 - AFP
Estudo diz que programas de abstinência sexual não funcionam
Os programas para encorajar a abstinência sexual, vistos pelos conservadores americanos como iniciativa fundamental para prevenir a contaminação pelo vírus HIV, são ineficazes tanto nos Estados Unidos quanto nos países em desenvolvimento, revelou um novo estudo.
Os autores da pesquisa, publicada no British Medical Journal, analisaram 13 estudos já divulgados sobre programas de abstinência, realizados com aproximadamente 16 mil jovens americanos, e afirmaram não ter encontrado qualquer prova de que esse tipo de projeto funcione.
O estudo se concentrou nos chamados programas de "abstinência total".
Esses programas encorajam os adolescentes a adiar sua iniciação sexual e a não ter múltiplos parceiros quando já tiverem uma vida sexual ativa. Não há incentivo ao uso do preservativo ou de qualquer outro método contraceptivo.
No entanto, ao contrário da "abstinência total", os programas de "abstinência plus" promovem a prática da abstinência, mas também instruem os jovens a respeito do sexo seguro.
"Nenhum programa (de abstinência total) influenciou na incidência de sexo vaginal sem proteção, número de parceiros, uso da camisinha ou iniciação sexual", diz o estudo, escrito por um trio de pesquisadores da Universidade de Oxford, na Inglaterra.
De fato, um dos 13 estudos analisados revelou que os adolescentes encorajados a manter a abstinência por esse tipo de programa tiveram maior número de relações sexuais, além de maior incidência de doenças sexualmente transmissíveis e gravidez indesejada em relação a jovens que não participaram.
Os próprios pesquisadores admitem que a análise tem suas limitações, pois não considerou a ocorrência de sexo anal, oral ou de outro tipo. Além disso, os dados dos 13 estudos em questão foram obtidos através de declarações dos próprios jovens, o que torna as informações menos confiáveis.
Nenhuma dessas pesquisas acompanhou especificamente a incidência da Aids entre os adolescentes.
Apesar disso, afirmam, as conclusões são claras: programas de "abstinência total" nos EUA não reduzem o risco de contaminação por HIV em comparação a programas de educação sexual (ou mesmo à ausência de qualquer projeto desse tipo).
Estudos realizados em países em desenvolvimento que reproduzem esses programas também chegaram aos mesmos resultados.
Atualmente, 33% do dinheiro reservado pelo governo do presidente americano George W. Bush para o combate à Aids na África e no Caribe é destinado a programas de "abstinência total".