Notícias

NOVA DROGA "ESVAZIA" RESERVATÓRIO DE HIV

26/09/2003 - Folha Online

Droga Nasal ativa o sistema imunológico

Uma nova droga nasal ainda em fase de testes consegue ativar o sistema imunológico do corpo e "esvaziar" reservatórios do vírus da Aids no interior das células, tornando seus níveis indetectáveis, segundo um estudo publicado na revista "Peptides".

A droga, cujo nome comercial é Peptide T, é a primeira a obter esse resultado, ainda que os testes realizados tenham sido poucos. A melhor parte do estudo com a substância é que ela não provocou efeitos colaterais, um problema comum a outras drogas anti-retrovirais utilizadas hoje no tratamento da infecção por HIV, chamadas de HAART (sigla em inglês para terapias anti-retrovirais altamente ativas).

Essas drogas atacam apenas os vírus ativos no organismo e são ministradas mesmo quando os níveis do HIV no sangue estão baixos, já que o vírus tem a habilidade de se esconder no interior de células do sistema imunológico e se manifestar de modo inesperado e agressivo posteriormente. Nos testes, a Peptide T conseguiu eliminar essas "colônias" escondidas do vírus da Aids.

Resultados

"Todas as pessoas que participaram do estudo tomaram o Peptide T e em cada uma delas nós observamos um fenômeno extraordinário: os reservatórios do vírus nas células brancas caíram vertiginosamente, alguns para níveis indetectáveis", disse Candace Pert, uma das descobridoras da substância e líder da equipe de pesquisadores da substância, do Centro Médico da Universidade Georgetown, nos EUA.
"Já caminhamos muito e ainda temos muito o que fazer, mas a maneira como o Peptide T melhorou o sistema imunológico dos pacientes e retirou o HIV dos reservatórios celulares é muito encorajadora", disse a pesquisadora.

Se for comprovada a eficiência da substância, os portadores do HIV poderão parar de tomar o coquetel de dorgas anti-retrovirais que hoje tomam de forma preventiva.

A pesquisa foi conduzida com 11 homens portadores de HIV que frequentam o hospital St. Francis, em San Francisco, nos EUA. Nenhum deles desenvolveu a doença. No estudo, a presença de plasma viral não sofreu alterações, indicando que a contaminação pelo vírus continuava a existir, embora os níveis dos reservatórios do vírus tenham sofrido profundas reduções.