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INIBIDOR DE INTEGRASE
12/04/2007 - AFP
Inibidores da HIV-integrase renovam esperança na luta contra Aids
Um novo fármaco para tratar da Aids, o raltegravir, associado a outras moléculas antivirais, pode desempenhar um importante papel no conjunto de soluções terapêuticas para os pacientes nos quais os outros tratamentos já não são eficazes, de acordo com um estudo que confirma seu caráter promissor.
O estudo será publicado na edição de sábado da revista médica britânica "The Lancet".
Este primeiro inibidor de integrase, o raltegravir (ou MK 0518, da Merck), visa uma enzima do vírus da Aids, a integrase, que as famílias precedentes de antivirais não conseguiam atacar.
Há três tipos de enzimas (transcriptase reversa, protease e integrase) essenciais para a multiplicação do HIV, lembra a "The Lancet". A integrase é aquela que canaliza a incorporação do genoma viral da célula invadida. Há pelo menos 15 anos, os pesquisadores trabalham no desenvolvimento de antiintegrases.
O doutor Bach-Yen de Westpoint (Laboratórios de Pesquisa Merck, Pensilvânia, EUA) testou doses de 200, 400 e 600 mg de raltegravir nos pacientes que já se tratam há cerca de dez anos com outros antivirais.
Ao fim de 24 semanas, os pesquisadores mediram a carga viral (quantidade de vírus no sangue) dos pacientes, divididos em quatro grupos, dos quais um não recebia o inibidor de integrase.
Sob efeito deste inibidor, a redução da carga viral abaixo do limite detectável (menos de 50 cópias/ml) era de 65% contra 13% entre os que não recebiam esta nova molécula. Esta última também permitiu o aumento dos linfócitos CD4, marcando uma certa restauração das defesas imunológicas.
Estes resultados são parecidos com os de outros estudos com uma carga viral abaixo do limite detectável em cerca de 60% dos pacientes que tomavam raltegravir, contra quase um terço nos outros.
"À exceção de efeitos colaterais inesperados a longo prazo ou de problemas de resistências virais, o raltegravir deve desempenhar um papel mais importante nas soluções de ajuda para os pacientes com dificuldade terapêutica", avaliaram dois especialistas de pesquisa clínica da Argentina, Pedro Cahn e Omar Sued, em comentário na "The Lancet".
Além dos inibidores da integrase, outras moléculas inovadoras chegam como os novos inibidores da penetração do vírus na célula, os anti-CCR5, tal como o maraviroc, que age bloqueando uma das chaves de entrada do vírus (o co-receptor CCR5) na célula.
"Claramente, nós estamos em uma nova era da terapia anti-retroviral", escreveram os especialistas, lamentando que mais de 85% das pessoas soropositivas do mundo nem sempre tenham acesso aos cuidados e tratamentos de base.