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NOVO MEDICAMENTO

04/04/2007 - EFE

Cientistas provam eficácia de novo tratamento para HIV resistente

Um grupo de cientistas espanhóis comprovou a eficácia prolongada de um novo medicamento, o darunavir, que reduz de forma significativa a presença do HIV nos pacientes que não respondem aos tratamentos convencionais.

Segundo os resultados de um estudo publicado hoje na revista britânica "The Lancet", a administração do novo inibidor de protease, aliado a uma dose baixa do anti-retroviral ritonavir, reduz "significativamente" a carga viral no sangue dos pacientes com aids.

Além disso, a combinação dos dois remédios produz um aumento no número de células imunológicas do corpo após 48 semanas de tratamento.

"É uma grande notícia para os pacientes que precisam com urgência de novos tratamentos para manter a saúde, pois os resultados obtidos provam que poderão voltar a recuperar a imunidade quando os remédios de primeira geração deixarem de fazer efeito", disse o diretor do estudo, o pesquisador Bonaventura Clotet.

Clotet, chefe da Unidade de HIV do Hospital Germans Trias i Pujol de Badalona, em Barcelona, afirmou que, até o momento, só havia sido comprovada a eficácia do "coquetel de medicamentos" inibidores da protease em um período de 24 semanas.

"Demonstrar que (o remédio) não falha em 48 semanas significa provar sua eficácia de forma duradoura", acrescentou Clotet. O cientista antecipou que os pesquisadores estão estudando agora como o coquetel afetaria os pacientes que o utilizassem como primeiro tratamento e ainda não apresentaram o vírus em estágio avançado.

Após um ano de utilização do darunavir, que desde o início de 2007 é comercializado na Espanha, 45% dos pacientes tratados tiveram redução da quantidade de vírus no sangue até alcançar níveis não detectáveis (menos de 50 vírus por mililitro de sangue).

Os coquetéis geralmente usados só obtêm sucesso em 10% dos casos.

Além disso, após seis anos, nos tratamentos com anti-retrovirais existentes, os medicamentos falham em 21% dos pacientes com doença em estágio avançado e em 11% dos que começam a usar a medicação.

Já no novo coquetel, os resultados obtidos mostram que a nova fórmula reduz o vírus no sangue em 61% dos casos.

O novo "tratamento de resgate" para pacientes que se tornaram resistentes aos coquetéis mais usados fez aumentar o número de células de defesa do corpo (as CD4) em 102 por microlitro após as 48 semanas de medicação, frente à alta de 19 por microlitro verificados no grupo de controle, que recebeu a medicação usual.

Estudos anteriores mostraram que a possibilidade de morte em conseqüência do vírus em um prazo de três anos cairia para menos de 10% entre os pacientes com mais de 100 células imunológicas por microlitro, enquanto chega a 85% entre os que apresentam aumentos de menos de 25 células por microlitro.

Segundo o artigo do professor Rodger MacArthur, da Universidade de Wayne (Detroit, EUA), para comprovar a eficácia completa do darunavir seriam necessários estudos posteriores corroborando os resultados obtidos.

Mas, por enquanto, o tratamento parece ser "seguro, bem tolerado e verdadeiramente efetivo para os pacientes resistentes aos remédios convencionais", segundo artigo.