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A CIÊNCIA CONTRA O HIV

11/09/2003 - FOLHA ON LINE

Bactéria pode ser modificada para combater o vírus da Aids

A forma modificada de uma bactéria existente na vagina pode, no futuro, ser utilizada para proteger as mulheres contra o vírus causador da Aids, apontam resultados de uma nova pesquisa.
Agora os pesquisadores planejam agora testá-la em animais, segundo John Lewicki, cientista da Osel, empresa norte-americana que desenvolve produtos terapêuticos a partir de bactérias comuns.
A forma mais comum de transmissão da Aids é através de relações sexuais, e as mulheres são particularmente vulneráveis em países onde os preservativos e outras medidas de proteção são menos difundidas.
Os cientistas usaram um tipo da bactéria Lactobacillus jensenii, geralmente abundante no muco segregado pela membrana mucosa que reveste a vagina. As bactérias foram modificadas para produzir uma proteína chamada CD4, que se prende ao HIV, causador da Aids.

Testes em animais

Nos testes de laboratório, a bactéria reforçada reduziu a taxa de infecção do HIV pelo menos em 50% nas células suscetíveis. Mas, segundo Lewicki, ainda são necessários testes em animais. O trabalho é descrito na edição on-line desta semana da revista Pnas (Proceedings of the National Academy Science).
Roberta Black, que dirige a equipe de microbicidas no Instituto Nacional de Doenças Infecciosas e Alérgicas, lembrou: "os pesquisadores provaram o conceito em laboratório, que é certamente o local onde tudo começa. Mas que há uma distância a percorrer até que ele chegue às pessoas."
Ainda assim, disse, isto é "uma abordagem inovadora que explora um mecanismo de defesa que ocorre naturalmente".

Efeitos colaterais

Os investigadores têm agora de evitar problemas como os que aconteceram com o nonoxynol-9, um microbicida que foi estudado para um uso semelhante, mas que irritava o tecido vaginal e aumentava as probabilidades da infecção por HIV.
O Lactobacillus funciona de forma diferente do nonoxynol-9, explica Lewicki, aumentando a bactéria protetora em vez de a danificar.
A pesquisa foi conduzida por Peter Lee, da Universidade de Stanford (EUA). Segundo ele, a descoberta pode levar à criação de um pequeno supositório vaginal que as mulheres poderiam usar regularmente