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SUSPENSA PESQUISA COM GEL VAGINAL

06/02/2007 - EFE

Gel antiaids que acabava aumentando o risco de contágio

Os pesquisadores suspenderam estudos realizados na África e na Índia com um gel vaginal para evitar a infecção com o HIV, pois verificaram que este aumentava em vez de diminuir o risco de contágio com o vírus da aids, informou hoje em Genebra a Organização Mundial da Saúde (OMS).

"É um retrocesso decepcionante e inesperado na tentativa de encontrar um método simples e eficaz contra as infecções com o HIV", disse um porta-voz da OMS, que considerava o microbicida uma grande oportunidade para combater a pandemia por meio da prevenção por parte das mulheres.

Mais da metade dos novos contágios do HIV na África tem como vítimas mulheres e meninas.

O microbicida seria um método eficaz para conter a propagação do vírus da aids, pois sua aplicação seria simples e inclusive tornaria desnecessário que membros das famílias em sociedades conservadoras soubessem de seu uso. Um problema grave nessas sociedades é que muitas vezes os homens se negam a utilizar o preservativo.

Uma das pesquisas, que já estava em sua fase final e que tinha a participação de 1.500 mulheres de África do Sul, Benin, Uganda e Índia, era feita com a aplicação do Ushercell, um gel com sulfato de celulose desenvolvido pelos laboratórios farmacêuticos Polydex, com sede em Toronto (Canadá).

A suspensão da aplicação do gel foi decidida depois de um conselho independente de segurança descobrir mais infecções com o HIV entre as mulheres que usavam o gel do que entre outras, que receberam um placebo.

O era financiado pela Agência de Desenvolvimento Internacional dos Estados Unidos e pela Fundação Bill e Melinda Gates.

O outro estudo com o Ushercell era realizado com 1.700 mulheres na Nigéria, mas foi suspenso por precaução apesar de, nesse caso, não terem sido observados maiores riscos de infecção entre as participantes.

De acordo com a OMS, há outros estudos que também estão em fases muito avançadas sobre mais três componentes microbicidas. Espera-se que estes testes tenham resultados conclusivos ainda este ano.

"Os dados destes testes clínicos são indispensáveis para os pesquisadores e promotores do uso de novos microbicidas, que agora terão que descobrir por que o sulfato de celulose está associado a um maior risco de contágio do que um placebo, pois por enquanto não há uma explicação conhecida", diz a OMS.