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CAMISINHAS NAS ESCOLAS

06/02/2007 - Agência Aids

Maioria dos pais, alunos e professores são favoráveis

O objetivo foi avaliar os resultados do Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas (SPE) por meio da percepção de alunos, professores, pais e gestores de saúde e educação. Foram utilizadas técnicas qualitativa e quantitativa, envolvendo entrevistas e questionários aplicados a estudantes, pais, professores, diretores de escola, gestores de educação e agentes de saúde. Foram entrevistados 14.761 estudantes de 13 a 24 anos, cursando da 7ª série do primeiro grau até o 3° ano do segundo grau. As amostras foram colhidas em 135 escolas que participam do SPE – um total de 186 escolas participam do projeto -, de 33 localidades em 14 estados.

Dos jovens entrevistados, 44,7% afirmaram ter vida sexual ativa, sendo que 60,9% revelaram ter usado preservativo na primeira relação e 69,7% na mais recente. Entre os motivos para a não utilização da camisinha, o principal alegado por 42,7% dos jovens foi não ter o insumo na hora da relação, enquanto 9,7% disseram não ter dinheiro para comprá-lo.

Outra constatação foi que as escolas envolvem pouco os pais. Apenas 16,7% deles foram convidados para participar da elaboração de projetos. Destes, 51% participaram efetivamente, o que demonstra que é necessário envolvê-los mais. “As ações facilitaram a conversa entre pais e filhos”, comentou Bernadete durante a apresentação. Ao contrário de outros estabelecimentos de ensino, nas escolas onde existe o SPE, as discussões não se restringem às aulas de ciência, sob o ponto de vista biológico, mas acontecem também durante as aulas de professores de outras matérias.

A pesquisa qualitativa apontou que as questões referentes às DST e Aids e gravidez passaram a ser mais discutidas, tanto entre professores e estudantes como entre estudantes e seus pais. Eles também consideram que temas ligados à sexualidade passaram a ser tratados “com mais naturalidade, sem mitos, sem brincadeiras”; além de verem reduzidos preconceitos, tabus e discriminação em relação aos portadores do vírus HIV e aos indivíduos de diferentes orientações sexuais. Os pesquisados sentiram maior interesse em participar das atividades e desprendimento na busca por esclarecimentos e pelo preservativo.

O ministro da Saúde Agenor Álvares afirmou que “não é por ser tabu e um assunto difícil que a gente não deva discutir. Alguns dados concretos não podem ser desprezados. 45% das pessoas que se infectaram com o HIV nessa faixa da idade, o fizeram por via sexual. É a única faixa de idade onde a proporção de infectados entre homens e mulheres é inversa. Não podemos ser omissos. Temos que gerar políticas e chamar a sociedade para discutir. É preciso começar a desmistificar a questão. A retórica deve dar lugar às ações concretas. A pesquisa traz uma questão importante: a complementaridade entre saúde e educação.”

HISTÓRICO

O Projeto Saúde e Prevenção nas Escolas foi lançado pelo governo federal em 2003 com o objetivo de reduzir a vulnerabilidade dos jovens e adolescentes às DST, à infecção pelo HIV, à aids e à gravidez precoce, como resposta a estudos que mostram a exposição da população com idades entre 13 e 19 anos a todos esses eventos. A iniciativa trabalha a inclusão, na educação de jovens das escolas públicas, dos temas saúde reprodutiva e sexual - tendo com principais elementos a educação preventiva e formação de consciência crítica de forma interdisciplinar.

O SPE reúne ações que envolvem a participação de adolescentes e jovens (de 13 a 24 anos), professores, diretores de escolas, pais dos alunos, e gestores municipais e estaduais de saúde e educação. O projeto é o resultado de uma iniciativa do Ministério da Saúde, por meio do Programa Nacional de DST e Aids, e da Educação, com o apoio da UNESCO no Brasil (Organização das Nações Unidas para a Educação e Ciência e a Cultura), e do UNICEF no Brasil (Fundo das Nações Unidas para a Infância).

Redação Agência de Notícias da Aids