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MICRÓBIOS E AIDS

26/09/2006 - AFP

No cardápio de congresso sobre doenças infecciosas nos EUA

Doze mil médicos e cientistas se reúnem nesta quarta-feira em San Francisco no maior congresso mundial sobre doenças infecciosas para abordar, em particular, o crescente problema da resistência microbiana a antibióticos e a luta contra a Aids.
"A conferência cobre todas as doenças infecciosas, mas o problema da resistência crescente aos antibióticos também será este ano um dos principais temas do encontro", disse Jim Sliwa, porta-voz da Sociedade de Microbiologia dos Estados Unidos, que organiza a 46ª Conferência Anual sobre os Agentes Antimicrobianos e a Quimioterapia (ICAAC, na sigla em inglês).
Os pesquisadores se dedicarão em especial ao problema da resistência do estafilococo áureo ou SARM, também conhecido como "superpatógeno" e que é fonte de infecções múltiplas que se desenvolvem em todos os hospitais, informou a porta-voz à AFP.
Nos Estados Unidos, 300.000 pessoas contraem anualmente uma infecção causada pelo SARM durante sua internação em um centro de saúde, das quais 43% apresentam resistência a antibióticos. Anualmente, esta infecção causa 12.000 mortes, segundo Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDD).
Para Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), "a resistência (microbiana) múltipla é um problema muito sério que só pode ser combatido se pesquisarmos novos antibióticos", que neutralizam os patógenos.
"Os laboratórios farmacêuticos deveriam investir mais nestas pesquisas e no desenvolvimento de medicamentos", acrescentou, lembrando que a pesquisa recebe poucos estímulos nos níveis federal e universitário.
Além da resistência microbiana, as estratégias de luta contra a Aids será um dos principais temas da conferência, visto que, a 25 anos da identificação do vírus responsável da infecção, os esforços para combatê-lo mostram sinais de esgotamento.
A quantidade de portadores do vírus aumenta, com um total de 38,6 milhões de pessoas infectadas no fim de 2005, das quais 4,1 milhões se infectaram este ano. Neste último quarto de século, a Aids matou mais de 25 milhões de pessoas.
Os riscos de uma pandemia de gripe das aves também estarão na agenda de debates. Sobre este tema está prevista uma conferência do médico americano Robert Webster, do Hospital St. Jude Research, que estabeleceu o vínculo entre as aves e a gripe humana.
"Os preparativos para uma possível pandemia de gripe das aves será um dos principais temas da conferência", disse o porta-voz da Sociedade de Microbiologia dos Estados Unidos, Jim Sliwa.
Dos 12 mil participantes da conferência da ICAAC em San Francisco, cerca de 20% são do exterior, com forte presença de pesquisadores de França, Japão e Grã-Bretanha, afirmou.