Notícias

XVI Conferência Internacional de Aids

19/08/2006 - Conferência

Medicamento Antagonista de CCR5

Medicamento Antagonista de CCR5
Por Keith Alcorn (NAM)

[N. do T. : o CCR5 é um correceptor do vírus HIV. Ou seja que o vírus precisa além do receptor CD4, de este correceptor, ou de algum outro, para penetrar na célula. Quando o vírus precisa deste correceptor para se ligar, se diz que ele é CCR5 trópico.Um outro correceptor do HIV é o CXCR4.]

Um segundo antagonista de CCR5, o vicriviroc, pode também ser seguro e eficaz em pacientes experientes em tratamento com vírus CCR5 trópico segundo um estudo “late breaker” [N. do T. : ou seja admitido para anúncios importantes de última hora] apresentado na XVI Conferência no dia 17 de agosto.

Apesar de que os estudos desta medicação em pacientes que não tinham tomado terapia antiretroviral antes foram suspensos pelo produtor Schering Plough devido à resposta pobre, o estudo ACTG A5211 em 118 pacientes com experiência prévia de tratamentos teve continuidade.

O ACTG A5211 recrutou indivíduos com carga viral superior a 5.000 cópias/ml com vírus CCR5 trópico que estavam tomando um IP reforçado com ritonavir. O ritonavir aumenta os níveis de vicriviroc no sangue.

Os participantes foram randomizados para receber uma das três doses do vicriviroc (5, 10 ou 15mg uma vez por mês) ou placebo por 14 dias, depois dos quais acrescentavam um esquema de base otimizado segundo análise de resistência. Os participantes foram acompanhados por mais 22 semanas.

Em outubro de 2005 o Comitê de acompanhamento de dados e segurança recomendou que o braço de 5mg do estudo fosse suspenso porque era evidente que os participantes neste braço estava tendo respostas virológicas subótimas e os vírus estavam mudando para CXCR4 trópicos. O braço de 5mg de pacientes sem tratamento prévio foi suspenso simultaneamente. Os participantes do braço de 5mg no estudo em pacientes experientes passaram para o braço de 15mg.

Os pesquisadores observaram que as três doses de vicriviroc trouxeram reduções maiores da carga viral do que o placebo depois de duas semanas de acrescentar o medicamento ao tratamento em falha (p < 0.01). Não houve diferenças significativas na redução da carga viral entre os três braços. Todos os pacientes tinham HIV R5-trópico.

Depois de duas semanas, o tratamento de base foi otimizado, e o acompanhamento continuou por mais 22 semanas. No final desta fase do estudo, os pacientes que tomavam vicriviroc continuaram com maiores reduções de carga viral do que aqueles que tomavam placebo, num intervalo de 1.51 a 1.68 log10, comparados com 0.29 log10 no grupo placebo (p < 0.01).

Isto se refletiu em maiores aumentos de contagens de CD4 (84, 142 e 142 células/mm3), comparadas com uma queda de 9 células/mm3 nos pacientes que tomavam placebo.

Apesar de que todos os participantes tinham vírus CCR5-trópicos no momento da admissão no estudo, houve mudanças precoces em 12 pacientes que já misturavam vírus CCR5/CXCR4-trópicos no momento do início do estudo. Ocorreram mudanças ulteriores no tropismo durante os 14 dias de monoterapia: sete pacientes no braço de 5mg sofreram mudanças de tropismo, três no braço de 10mg, dois no braço de 15mg e somente um no braço de placebo.

As mudanças de tropismo prévias ao início do tratamento permitiram aos pesquisadores comparara as respostas virológicas nos dez pacientes com tropismo misto e aqueles com vírus exclusivamente CCR5-trópico. No grupo de tropismo misto a carga viral caiu numa média de 0.77 log, enquanto no grupo CCR5-trópico caiu numa média de –1.83 log (p=0.01).

Apesar de que as taxas de efeitos adversos sérios foram similares nos quatro braços, houve cinco casos de linfoma ou adenocarcinoma. Vários destees casos ocorreram em pacientes com uma história prévia de malignidade:
 Um caso de linfoma não-Hodgkin num paciente com doença de Hodgkin.

 Um caso de doença de Hodgkin num paciente com uma história prévia desta doença.


Três outras malignidades – linfoma não-Hodgkin, doença de Hodgkin e adenocarcinoma gástrico – forma diagnosticadas em outros três pacientes que recebiam vicriviroc.

Porém duas malignidades – um caso de carcinma múltiplo e carcinoma perianal localizado – foram diagnosticados em pacientes que não recebiam vicriviroc (um no grupo de placebo e outro que tinha suspendido o um mês antes devido à falta de eficácia).

O pesquisador Trip Gulick afirmou que “A relação entro e vicriviroc e as malignidades não é clara”.

Reference

Gulick R et al. ACTG 5211: phase II study of the safety and efficacy of vicriviroc in HIV-infected treatment-experienced subjects. Sixteenth International AIDS Conference, Toronto, abstract THLB0217, 2006.