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CCR5
20/06/2006 - TRIBUNA DA IMPRENSA
Novos remédios contra o HIV levantam dúvidas
A empolgação em volta de uma nova classe de drogas para combater o HIV foi abalada pelos temores de que elas poderiam representar sérios riscos à segurança, incluindo a possibilidade de acelerar a progressão da Aids. A nova classe de medicamentos, chamados de antagonistas do receptor CCR5, bloqueia uma passagem secundária, mas essencial, usada tipicamente pelo vírus da imunodeficiência humana (HIV) para entrar nas células do corpo.
Os pesquisadores sabem, há mais de uma década, que as pessoas que não possuem uma versão funcional dessa passagem, chamada de receptor, são, na melhor das hipóteses, altamente resistentes à infecção pelo HIV e, na pior, demoram para desenvolver a aids depois de infectadas.
Do ponto de vista do tratamento, medicamentos que forneçam o mesmo benefício seriam uma adição bem-vinda à mistura de remédios que são utilizados atualmente para combater o HIV. As drogas representariam uma transformação no combate contra o HIV, já que seu alvo não é o próprio vírus, como nos outros 27 outros tratamentos já aprovados pela Administração de Alimentos e Medicamentos (FDA) nos EUA.
Essa diferença é a raiz da maioria das preocupações no que se refere aos medicamentos. As drogas atacam um alvo nos glóbulos brancos dos seres humanos, que possuem um papel importante no sistema imunológico. Mesmo enquanto o desenvolvimento continua, existe uma cautela crescente sobre o futuro desses medicamentos.
Muito da preocupação é de que as drogas poderiam acelerar a transição de uma variante do HIV para outra, que é encontrada com mais freqüência nos pacientes de Aids mais doentes. Também não está claro se o medicamento forneceria a mesma proteção que ocorre naturalmente em algumas pessoas.
Os pesquisadores não sabem os efeitos a longo prazo para a saúde dos medicamentos, já que eles mexem com células que são as sentinelas das defesas do corpo contra infecções e doenças.
Algumas das drogas foram ligadas a problemas de fígado e câncer. Além disso, um estudo recente mostrou que o vírus do Nilo Ocidental pode ser mais letal em pessoas sem uma passagem CCR5 funcional. Os pesquisadores alertaram que o mesmo poderia acontecer em pacientes tratados com os medicamentos que bloqueiam essa passagem.
Há um ano, havia esperança de que os antagonistas do CCR5 seriam introduzidos como uma classe totalmente nova de drogas. Agora, parece mais provável que eles apareçam aos poucos - se aparecerem.
Enquanto isso, a FDA sugeriu, como condição para a aprovação, que as companhias farmacêuticas acompanhem por cinco anos a saúde dos pacientes envolvidos em testes clínicos. Empresas, pesquisadores e outros dizem que isso não é viável, dada a mobilidade da sociedade americana e a probabilidade de que esses pacientes comecem a tomar outros medicamentos para o HIV. Isso confundiria os esforços para mapear os efeitos a longo prazo das drogas.