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NUMEROS DA AIDS

30/05/2006 - EFE

ONU: apesar dos avanços, 38,6 milhões de pessoas vivem com o HIV

Cinco anos depois do grande compromisso internacional alcançado na luta contra a Aids, a ONU considera que houve avanços, mas lamenta que apesar deles o vírus HIV já infecte 38,6 milhões de pessoas no mundo.
O dado consta do último "Relatório mundial sobre a epidemia da aids", documento mais amplo e exaustivo publicado até agora pelas Nações Unidas sobre o assunto e que inclui dados passados por 130 países.
O documento foi divulgado na véspera do início, na ONU, de uma reunião sobre a doença, na qual serão analisados os avanços nos compromissos alcançados em 2001 e as novas metas que a comunidade internacional deve estabelecer.
"Nestes cinco anos houve grandes progressos, especialmente em matéria de prevenção, mas a má notícia é que o vírus continua se expandindo em determinadas regiões, e especialmente na África", afirmou hoje o diretor do Programa das Nações Unidas contra a Aids (Unaids), Peter Piot.
Nos 25 anos transcorridos desde a identificação da doença, o HIV infectou cerca de 65 milhões de pessoas, das quais cerca de 25 milhões morreram.
Atualmente, afirmou a ONU, há 38,6 milhões de infectados no mundo, e "imensa maioria" não é consciente de que é portador, o que representa um grande perigo na luta contra a epidemia.
Além disso, a aids se transformou "em um dos maiores problemas de desenvolvimento e de segurança que o mundo enfrenta atualmente", diz o relatório.
Só em 2005, a aids matou 2,8 milhões de pessoas, e mais de quatro milhões foram infectadas pelo vírus, o que representa, apesar da gravidade do número, um dos índices mais baixos dos últimos anos.
Enquanto o número de infectados for maior que o de falecidos, a doença continuará em expansão, alertou a ONU, que denunciou a falta de recursos com que sofrem alguns países pobres, assim como a necessidade de lutar contra a discriminação e de melhorar o acesso a tratamentos.
A radiografia do estado da epidemia no mundo é muito desigual, apesar de todos os países se esforçarem para o estabelecimento de programas e o uso de recursos para lutar contra a doença.
Um dos compromissos atingidos dos estabelecidos em 2001 foi o da contribuição financeira, que em 2005 chegou a US$ 8,3 bilhões.
Alguns países, como o Quênia e o Zimbábue, reduziram o impacto da doença, e outros tentaram com maior ou menor êxito aumentar o acesso a tratamentos médicos ou lançar programas de prevenção.
No entanto, alerta a ONU, a doença ainda está fora de controle na África Subsaariana, que continua sendo a região mais afetada do mundo, com 24,5 milhões de pessoas infectadas.
O vírus também está se expandindo na Europa Oriental, devido principalmente à proliferação de drogas injetáveis, na China, na Índia, bem como na América Latina, onde existe uma maior incidência na transmissão por contato sexual entre homens, disse Piot.
Na América Latina, onde a aids matou no ano passado 59.000 pessoas, há 1,6 milhão de portadores do HIV, dos quais 140.000 foram infectados em 2005.
O Brasil, apesar de não ter proporcionalmente uma das maiores taxas de contágio, abriga um terço dos latino-americanos que vivem com o HIV.
No entanto, no Brasil e em outros países, como Argentina, Chile, Costa Rica, México, Panamá, Uruguai e Venezuela, foram obtidos avanços no acesso ao tratamento.
Diante da situação, "os países mais pobres da América Central e da região andina continuam se esforçando para ampliar o acesso ao tratamento e superar os obstáculos de acesso ao financiamento", afirma o relatório.
A região do Caribe (não incluída na América Latina) continua sendo a segunda região do mundo mais afetada, com 330.000 infectados, o que representa uma incidência de 1,6%, superada apenas pelos 6,1% da África Subsaariana.
Os níveis de infecção se reduziram em zonas urbanas do Haiti e das Bahamas, ao passo que permanecem estáveis na República Dominicana e em Barbados.