Notícias

SAÃDE MENTAL E O HIV/AIDS

08/05/2006 - Agência Aids

Maternidade e soropositividade

SEMINÁRIO SAÚDE MENTAL E O HIV : MATERNIDADE DE SOROPOSITIVAS, DISFUNÇÃO ERÉTIL E RELAÇÃO DE MÉDICO-PACIENTE FORAM DESTAQUE.

Faltando apenas uma semana para o Dia das Mães (dia 14), a psicóloga do CRP, Edna Peters Kahhale, questionou se uma mulher soropositiva comete violação por desejar um filho. “Não, inclusive, as técnicas de aconselhamento de casais em serviços médicos não devem decidir e nem julgar uma soropositiva”, declarou. Segundo ela e relatos da platéia, os médicos, muitas vezes, acreditam que portadoras do HIV não deveriam ter direito a um filho após a infecção. No entanto, a questão é complexa e a mulher também pode enfrentar resistência do companheiro. “As pessoas interpretam o bebê como uma extensão da sua vida e os homens não querem ver outro homem como eles infectado. O fato é que ele tem todo direito de decidir isso e, por isso, o casal deve chegar a um consenso, mas sem intervenção externa”, reiterou.

Em “Aspectos simbólicos dos medicamentos e disfunção erétil”, o Mestre em Psicologia do GIV, Francisco José Nogueira, afirmou que os homens soropositivos perdem a ereção em relações sexuais por causa de seu estado psicológico e não por causa dos remédios como se acredita. “Essa situação é causada porque os remédios têm sentidos ambíguos, representam o tratamento mas lembram que a pessoa é possui um vírus que pode ser letal”, disse. “Indivíduos que não projetam complexos nos remédios não têm disfunção erétil. Nesse sentido, um processo terapêutico possibilitaria uma harmonia psíquica”, afirmou. Algumas pessoas na platéia questionaram e a psicóloga Edna interveio. “Existem várias formas de prazer sem penetração, temos que parar com essa tabu ou vamos estimular esteriótipos”, disse ela.

A relação médico-paciente foi abordada pelo Coordenador Didático do ProSex, Marco Sacnavino. Autor do livro Aids: a Relação Médico-Paciente, editora Via Lettera, afirma que os profissionais de saúde nem sempre estão preparados para trabalhar com soropositivos. Segundo pesquisa que ele realizou com residentes do Hospital das Clínicas e do Instituto de Infectologia Emílio Ribas. 91 % deles acreditam que há muita complexidade social com a doença e também afirmam que se sentem frustrados algumas vezes. “Por mais ações positivas que um médico tenha, é preciso preparo pois ele pode cair na síndrome de Burnout em que o médico sonha com pacientes, fica estressado, e sua produtividade cai”, afirmou.

A proposta do encontro é promover a reciclagem das reflexões e ações na atenção às pessoas que vivem com HIV/AIDS, bem como, fortalecer a busca de alternativas para o enfrentamento desta epidemia.

Rodrigo Vasconcellos