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PORTA ABERTA PARA A AIDS
07/05/2006 - CH On-line
Identificadas mutações do nas células humanas
Identificadas mutações que podem facilitar ou complicar a entrada do HIV nas células humanas
Alterações em dois genes que produzem proteÃnas de defesa do organismo humano explicam por que filhos de mães infectadas com o vÃrus HIV podem ou não ser infectados durante o perÃodo de gestação. A descoberta foi feita por pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
A equipe do farmacêutico Paulo Souza estudou dois genes que comandam a sÃntese de proteÃnas importantes no sistema imunológico dos seres humanos: MBL (lecitina ligante de manose) e CCR5. A primeira, além de combater micróbios que invadem o corpo humano, ativa outros mecanismos de defesa do organismo. Já a CCR5 é uma proteÃna encontrada na superfÃcie de células de defesa como macrófagos e linfócitos. Além disso, ela é o principal co-receptor do HIV, ou seja, é a estrutura à qual o vÃrus se liga para invadir a célula.
Os pesquisadores do Laboratório de Imunopatologia Keizo Asami (Lika) da UFPE analisaram esses dois genes em células sangüÃneas de 314 recém-nascidos de mães portadoras do vÃrus da Aids, sadios e infectados. âConstatamos que as alterações genéticas eram mais freqüentes em crianças infectadasâ, diz Souza, que teve a orientação dos professores Luiz Cláudio Arraes e José Luiz (ambos da UFPE). âEssas mutações, que já nascem com o indivÃduo, causam resistência ou suscetibilidade à infecção, dependendo da função dos genes alterados.â
A explicação é simples: como a MBL ataca os microrganismos, quanto menor for sua produção, maior a chance de o vÃrus infectar as células. Entretanto, no caso da proteÃna CCR5, a queda de sua produção é benéfica, pois a falta de co-receptor impede que o vÃrus se ligue a macrófagos, por exemplo.
O farmacêutico verificou que, entre os 164 recém-nascidos infectados, 12% apresentavam alterações no gene da proteÃna MBL, enquanto apenas 5% dos 150 não infectados tinham tais mutações. Já na análise do gene da CCR5, 54% das crianças portadoras do vÃrus apresentavam alterações; 40% dos não infectados tinham a mutação.
Segundo o pesquisador, que contou com a colaboração do professor Sergio Crovella, da Universidade de Trieste, na Itália, esse trabalho pode contribuir para o desenvolvimento de medicamentos a fim de corrigir essas alterações. âUma droga capaz de se ligar ao CCR5, por exemplo, evitaria a entrada do vÃrus na célulaâ, diz o farmacêutico. âJá um fármaco feito a partir da MBL sintetizada poderia suprir a falta dessa proteÃna e evitar a infecção.â
Tais medicamentos seriam indicados a indivÃduos que tivessem a mutação estudada comprovada por testes genéticos. Souza ressalta que eles poderiam ser usados sobretudo como forma de prevenção, e não no tratamento da Aids propriamente dito. âEles seriam indicados a indivÃduos envolvidos com situações de alto risco, como profissionais do sexoâ, conta.
Mário Cesar Filho
Especial para CH On-line
27/04/2006