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PESQUISA EM HPV
04/05/2006 - O Estado de São Paulo
HPV em grávidas alarma médicos
Pesquisa detecta vírus em 51% das adolescentes grávidas e pode fazer HC rever rotina de exames do pré-natal
Pesquisa realizada no Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (HC-USP) mostrou que, em uma amostragem, pouco mais da metade (51%) das adolescentes grávidas de 12 a 18 anos estavam contaminadas com o HPV (papilomavirus humano de alto risco). Esse vírus é transmitido principalmente pelo contato sexual e sua presença pode desencadear câncer de colo de útero, o segundo tipo de câncer que mais mata mulheres no País. O resultado impressionou os médicos porque, na maioria dos casos, o problema não tinha sido detectado no Papanicolau nem na colposcopia, exames rotineiramente feitos no pré-natal. A pesquisa com as adolescentes, de acordo com o obstetra e ginecologista Waldemyr Rezende, diretor-executivo do Instituto Central do HC, levanta a discussão sobre a importância de diagnosticar precocemente o vírus com outros tipos de exames além do Papanicolau e da colposcopia. Na pesquisa, foi usado um que analisa o sequenciamento genético do HPV. "Começamos a notar doenças no colo do útero em pacientes muito jovens. Decidimos investigar e incluir no pré-natal de 60 adolescentes um exame chamado captura híbrida II, que determina as seqüências do DNA do vírus e permite detectá-lo antes de qualquer manifestação", explicou Rezende. Segundo o médico, a presença do vírus em 51% da amostragem reflete uma incidência acima da média esperada - em geral, 30% das mulheres sexualmente ativas têm o HVP. Cerca de metade das infectadas costuma criar imunidade contra o vírus. O restante acaba desenvolvendo feridas que, se não tratadas, podem dar origem ao câncer num período que varia de três a dez anos. Nas grávidas, existe ainda a chance de o vírus ser transmitido para o bebê no momento do parto. O grande problema do HPV é que, no início, o vírus é assintomático. O Papanicolau só detecta sua presença quando há algum sintoma. Para quem faz o exame anualmente, quando ele dá positivo, os sintomas - em geral, feridas - ainda estão em fase inicial e são tratáveis, o que evita o câncer. O diagnóstico precoce, com um exame mais aprofundado, antes da aparição dos sintomas, é importante numa população que não se previne corretamente contra doenças sexualmente transmissíveis nem vai ao ginecologista com a freqüência adequada. "Se essas meninas não tiverem acompanhamento e não começarem a tratar as feridas assim que aparecerem, desenvolverão o câncer", explica Rezende. Com o exame positivo em mãos, os ginecologistas têm um poder de persuasão maior para convencer as adolescentes a se consultarem periodicamente. A Clínica Obstétrica do HC pretende realizar o teste em três mil outras adolescentes grávidas. Se os mesmos índices se confirmarem, o exame fará parte da rotina de todos os atendimentos feitos no hospital. "É um alerta para que o teste seja incluído como rotina nas consultas, principalmente em populações com menos acesso a médicos e menos informações sobre a doença", completa Rezende.