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A CAMISINHA E A IGREJA CATÓLICA

26/04/2006 - BBC BRASIL

Vaticano 'divulgará documento sobre uso de camisinha'

Documento teria sido encomendado pelo papa Bento 16
O Vaticano está prestes a divulgar um documento sobre o uso de camisinhas por pessoas que têm Aids, disse um cardeal à imprensa italiana.
Em entrevista ao jornal La Repubblica, o cardeal Javier Lozano Barragan disse que o papa Bento 16 pediu ao Conselho de Saúde do Vaticano para estudar a questão.
"Foi (o papa) Bento 16 quem nos pediu um estudo sobre esse aspecto particular do uso da camisinha pelos que são afligidos pela Aids e por aqueles que têm doenças infecciosas", disse Barragan.
O cardeal disse que o documento será emitido "em breve", mas não especificou uma data.
A posição oficial do Vaticano é que os católicos são proibidos de usar qualquer contraceptivo, incluindo camisinhas, em qualquer circunstância, mesmo para evitar a transmissão do vírus HIV entre parceiros casados.
A Igreja prega que a abstinência sexual é a melhor maneira de combater a doença, que no último ano foi responsável por 3 milhões de mortes em todo o mundo, em sua maioria na África subsaariana.

Só para casados

O correspondente da BBC Robert Pigott diz que há sinais de que o documento possa trazer uma grande revisão da política do Vaticano sobre o assunto.
Na semana passada, o cardeal Calo Maria Martini - um dos mais proeminentes cardeais da Igreja e considerado um dos cotados na eleição do papa no conclave do ano passado - defendeu o uso de preservativos por casais casados como forma de prevenção à Aids.
O assunto é um dos mais controversos entre a comunidade católica, e a Igreja tem sido duramente criticada pela posição atual, especialmente pela sua influência nos países africanos assolados pela Aids.
Ele disse que o seu departamento estava estudando o documento, juntamente com cientistas e teólogos que o escreveram.
O cardeal foi evasivo, no entanto, quando lhe perguntaram se concordava com a visão de Martini.
"É um assunto muito difícil e delicado que demanda prudência", acrescentando que preferia não antecipar as conclusões do estudo do Vaticano.