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CAMPANHA DE TESTE RÁPIDO DO HIV

10/04/2006 - Agência Aids

Mobiliza nove mil pessoas

A primeira mobilização de massa para diagnóstico da infecção pelo HIV por
meio de teste rápido testou 9.009 pessoas, neste sábado (08.04), em
Curitiba. Durante todo o dia, 26 Unidades de Saúde de toda a capital
testaram 4.203 homens e 4.806 mulheres, sendo diagnosticados 103 testes
positivos.
Mariângela Simão, diretora do Programa Nacional de DST e Aids, do Ministério
da Saúde, destacou a excelente receptividade da população curitibana. Para a diretora, a novidade da mobilização faz parte de uma política de governo.
"O ministério da Saúde tem uma política de expansão do diagnóstico precoce
da infecção pelo HIV e o que temos aqui em Curitiba, nesse momento, é uma
ampliação da oferta do acesso do teste às pessoas, algo que nunca foi usado
em campanha de massa. "A meta do governo federal, segundo Mariângela, é que
os testes rápidos estejam disponíveis nos Centros de Testagem e
Aconselhamento (CTAs) de todas as capitais brasileiras até julho deste ano.
Em relação aos custos, Mariângela lembra que "comparativamente ao exame
tradicional Elisa, o teste rápido é mais caro, portanto ainda não pode ser
usado em larga escala em todo o país".
A cidade de Curitiba já foi campo de teste do estudo de desempenho dos
testes rápidos em 2003. "O que diferencia o teste oferecido em Curitiba de
outras campanhas de massa que a população está acostumada é que ele é feito
em um ambiente reservado, garantido o sigilo e a segurança, além do
aconselhamento e garantia de acompanhamento do paciente, caso o resultado
seja positivo" lembra Mariângela Simão.
"O resultado da mobilização foi muito positivo. Temos informações de que o
movimento foi muito bom em todas as nossas unidades de saúde" disse o
Prefeito em exercício e secretário municipal de Saúde, Luciano Ducci. O
secretário acredita que a população reconheceu a importância de fazer o
exame e que a campanha serviu para desmistificar a idéia de que o teste
rápido não seria aceito pela população. "Curitiba sempre tem participado de
forma muito ativa nas questões que se referem à prevenção da aids no
Brasil", disse Ducci. Em relação ao desdobramento da mobilização, Luciano
Ducci lembra que "Curitiba está preparada para tratar as pessoas que durante a campanha tenham resultado positivo. Temos centros de referência e nossas unidades básicas de saúde também já têm em sua rotina o acompanhamento de pessoas portadoras de HIV. Isso não será problema".
Para Toni Reis, militante do Grupo Dignidade, do Paraná, a campanha foi
muito discutida em todas as instâncias do controle social, como Comissão
Municipal de DST e Aids e o Conselho Municipal de Saúde. Chegou-se inclusive a questionar a retaguarda de apoio que a cidade oferece, mas Reis acredita que Curitiba oferece hoje a possibilidade do tratamento e que a campanha foi um sucesso. Segundo Toni Reis, a mobilização também é importante para dimensionar o tamanho do problema na capital, definindo políticas públicas.
Para Reis, mais uma vez Curitiba mostra-se um exemplo, ao ousar novamente
nas iniciativas da aids.
O jogador Barral, lateral direito do Paraná Clube e voluntário engajado na
promoção da campanha disse, durante a realização do teste, que ficou feliz
com o convite e acha "importante a mobilização para a população, porque
quanto mais cedo as pessoas souberem que estão infectadas, mais cedo
receberão o tratamento". Para Maria (nome fictício), uma das pessoas que foi ao centro de saúde para testagem, a realização do teste não causou
ansiedade. "Não tive medo, é uma oportunidade que temos que aproveitar, já
que estamos tendo aqui em Curitiba essa chance. É bom poder fazer o teste
gratuito e sigiloso".
Atualmente, existe uma estimativa de 600 mil pessoas infectadas pelo vírus
do HIV no Brasil. O diagnóstico precoce da aids é importante, segundo
Mariângela Simão, não apenas para interromper a cadeia de transmissão, para
prevenir a infecção de outras pessoas, mas também é de interesse pessoal do
paciente, pois poderá melhorar sua qualidade de vida. "Quanto mais precoce o diagnóstico, antes do desenvolvimento da doença, melhor para a pessoa,
porque ela projete sua saúde com um acompanhamento e monitoramento de exames de laboratório. Ela pode acompanhar o desenvolvimento da imunidade
prevenindo o aparecimento de algumas doenças, o que melhora muito a
qualidade de vida dessas pessoas".
O exame tem como vantagens a possibilidade de fornecer ao paciente a
realização do teste, o resultado e o aconselhamento no mesmo atendimento.
Além disso, para sua realização, não há necessidade de uma infra-estrutura
laboratorial, o que diminui as despesas relativas a transporte de amostras e de encaminhamento dos resultados dos laboratórios. No Brasil, atualmente, o tempo entre a realização do exame e a entrega do resultado é de 13 dias. O teste rápido já é utilizado no Brasil em duas situações: em populações que residem em áreas de difícil acesso (como alguns municípios da região Norte) e em gestantes que não realizaram o teste anti-HIV durante o pré-natal.
A mobilização em Curitiba será mantida, até 5 de maio com a intensificação
da coleta para sorologia (metodologia convencional), sem necessidade de
consulta médica, em todas as 93 Unidades Básicas de Saúde da capital. A
partir de 10 de abril, a testagem rápida estará disponível no Centro de
Orientação e Aconselhamento de Curitiba e os testes convencionais continuam
disponíveis em todas as unidades de saúde.