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SEMINÁRIO GIV E LPV

21/03/2006 - Agência Aids

"A universidade e o hiv/aids"

Não poderia ter sido mais adequada a escolha do histórico Centro Universitário Maria Antonia da USP para sediar o seminário “A Universidade e o HIV/Aids”, que promoveu a atualização, reflexão e diálogo sobre a articulação entre o conhecimento produzido pelas universidades e ONG na busca de caminhos para o enfrentamento da epidemia da Aids. O evento, realizado neste sábado, 18, pelo Grupo de Incentivo à Vida (GIV) e pelo grupo “Lutando pela Vida”, é o primeiro de uma série de três seminários, dentro do “IX Encontro de Profissionais e Educadores que Trabalham com Portadores do HIV/Aids”. Os próximos temas abordados serão “Saúde Mental e HIV/Aids” e “Homossexualidade e HIV/Aids”, respectivamente nos meses de maio e junho.

Diante de um público de mais de 100 pessoas, entre profissionais de saúde, acadêmicos, portadores do HIV e representantes do governo e da sociedade civil, o presidente do GIV, Cláudio Pereira abriu o seminário ressaltando a importância de que aquilo que é pesquisado e estudado, não fique guardado dentro da universidade, que venha a público. “Às vezes,a pesquisa é feita com a participação da ONG e ela acaba não tendo o retorno dos resultados,” frisou Pereira.

A primeira mesa da manhã teve como tema “A Academia e o HIV/Aids” e teve a participação da psicóloga e pesquisadora da PUC/SP, Vanda Nascimento, e do coordenador da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (ABIA), Veriano Terto, com a coordenação da integrante da Grupo de Estudos Interdisciplinares em Sexualidade Humana, Claudia Ribeiro. Após a exposição de Nascimento, que discorreu sobre o histórico da pesquisa acadêmica, mais especificamente na área do HIV/Aids, Terto chamou a atenção para o fato de que, em 2006, faz 25 anos desde a primeira notificação dos primeiros casos de Aids em São Francisco, nos EUA. Para falar da interface com as ONG/Aids, o ativista utilizou como referência as conferências internacionais, que são os lugares onde as principais pesquisas mundiais são divulgadas, por terem uma grande circulação de pessoas dos mais diversos setores. Ele contou que as conferências se tornaram o maior evento sobre saúde pública do mundo.

“A relação entre os cientistas e a comunidade pode ser pacífica, mas é regida pela ambigüidade. Ao mesmo tempo que critica e denuncia abusos, o movimento social está sempre exigindo novos tratamentos e pesquisas, da mesma forma que exige procedimentos regidos pelos direitos humanos,” disse ele. Terto também lembrou de momentos de maior tensão no início da epidemia, quando o tratamento era baseado em doses altíssimas de AZT e graças às reivindicações da sociedade civil, esta dosagem foi ajustada. “É preciso quebrar o preconceito de que só a ciência produz conhecimento e a comunidade produz a prática. É importante refletir sobre esta questão e considerar os conflitos,” enfatizou.

Claudia Ribeiro encerrou a discussão relembrando uma questão colocada anteriormente por Terto, pedindo a reflexão sobre quem vai ler ou se interessar pelo o que a universidade ou o movimento social produziu. Ribeiro também enfatizou a importância da formação dos jovens que se tornam produtores de informação na universidade, muitas vezes sem o preparo adequado e carregados de preconceito.