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Pacientes apresentam novo tipo de vírus
16/07/2003 - Fonte - Reuters / Folha
HIV resistente a tratamentos
Um em cada dez europeus recém-contaminados pelo HIV, que provoca a Aids, é portador de variedades do vírus que são resistentes aos medicamentos. A conclusão é de pesquisadores que apresentaram nesta quarta-feira (16), numa conferência internacionalem em Paris, o maior estudo desse tipo já realizado.
O problema já havia sido apontado em locais com grande incidência de Aids, como San Francisco, nos Estados Unidos, onde mais de um quarto dos pacientes resistem ao tratamento tradicional. Mas a questão nunca havia sido investigada em uma área tão ampla.
David van de Vijver, do Centro Médico Universitário de Utrecht, na Holanda, disse que os dados europeus são preocupantes. "A conclusão do nosso estudo é que 10 por cento dos pacientes recém-diagnosticados na Europa foram infectados por um vírus que apresenta resistência a pelo menos uma droga antiretroviral", disse ele.
O estudo demonstrou a necessidade de os pacientes seguirem rigidamente as prescrições e de os laboratórios continuarem desenvolvendo novos medicamentos.
Panorama mundial
Um total de 42 milhões de pessoas têm o vírus da Aids em todo o mundo, segundo o último relatório sobre a doença divulgado pela ONU (Organização das Nações Unidas), no final de 2002.
Embora aponte um crescimento de 5% na incidência do vírus em relação ao ano de 2001, o número total de infectados não é o dado mais alarmante do relatório da Aids de 2002. Segundo relatório da Unaids - agência da ONU responsável pelo programa de combate à doença-, pela primeira vez desde que surgiu a doença, o sexo feminino atingiu 50% da parcela de infectados em todo o mundo. Antes, as mulheres eram minoria entre os infectados.
O aumento de portadoras do vírus indica que não só as mulheres estão se descuidando, como podem contribuir para o aumento de bebês infectados com a doença.
Na África, onde a epidemia atinge níveis assustadores, 58% dos infectados são mulheres. "A face da Aids está se tornando a face de mulheres jovens", disse o diretor da Unaids, Peter Piot, à agência Reuters.
A Aids matará 3,1 milhões de pessoas até o final deste ano, e outras 5 milhões serão infectadas com o vírus letal, de acordo com os últimos dados da Unaids.
De acordo com o relatório da agência, a África é a região mais atingida pela doença, com 29,4 milhões de pessoas vivendo com HIV/Aids. A Europa Oriental e a Ásia Central, com 1,2 milhão de casos, apresentam o mais rápido crescimento de casos. No entanto, a Ásia, particularmente a China e a Índia, são a verdadeira bomba.
Estima-se que um milhão de pessoas estejam infectadas com o vírus na China. E, a menos que respostas eficazes sejam tomadas, o número pode chegar a 10 milhões -- o equivalente a toda a população da Bélgica -- no final desta década, de acordo com o documento.
Na América do Norte e Europa Ocidental, a introdução do coquetel anti-Aids, em 1995/96, causou uma queda nas mortes por Aids, mas a tendência já está estabilizada.
Pesquisadores também relatam um aumento na prática de sexo sem proteção e na transmissão heterossexual do vírus. A Unaids calcula que, em 2007, o mundo terá de arcar com cerca de 15 bilhões de dólares por ano para tratar e combater com sucesso a Aids em países de renda baixa e média.