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CORTE DE VERBA NA ÁFRICA DO SUL

04/01/2006 - Reuters

Fundo Global corta verba para programa anti-Aids sul-africano

O programa nacional da África do Sul para combater a Aids entre os jovens depara-se com uma grave falta de verbas depois de o fundo mundial ter decidido parar de patrociná-lo.
O Fundo Global de Combate à Aids, à Tuberculose e à Malária anunciou no mês passado que deixaria de enviar 556 milhões de dólares para o programa loveLife, da África do Sul. Segundo o fundo, há problemas na direção e na implementação de medidas dentro do programa, que conta com o apoio do governo sul-africano.
David Harrison, diretor-executivo do loveLife, disse que a medida tiraria do programa 30 por cento de sua verba e atingiria duramente as 500 clínicas voltadas para jovens e usadas para realizar campanhas de conscientização sobre a Aids no país, o mais atingido do mundo pela pandemia.
"Pode-se reclamar sobre detalhes das mensagens de prevenção contra o HIV (o vírus da doença) endereçadas aos jovens, mas o ponto é que é necessário atingir um número suficiente de jovens de forma sustentável", disse.
Repetindo acusações a respeito da interferência dos EUA na decisão de cortar a verba, Harrison disse acreditar que a medida tinha relação com a ênfase do governo norte-americano em programas voltados para a abstinência sexual e com a relutância dele em dar apoio a campanhas de distribuição de preservativos.
"É claro que a força das ideologias conservadoras está se espalhando para o campo do HIV e da prevenção contra o HIV. E isso tem um impacto direto sobre programas como o loveLife", acrescentou Harrison em entrevista concedida na quarta-feira.
Jon Liden, um porta-voz do Fundo Global, rebateu as acusações e afirmou que considerações políticas não haviam pesado na decisão de suspender o envio de verba para o loveLife.
"Esse programa, apesar de ter recebido mais chances do que outros até agora, não foi capaz de seguir as diretrizes e as condições impostas pela direção do Fundo Global," afirmou.
Lançado em 1999, o loveLife recebeu críticas por ser supostamente provocativo demais e por não conseguir atingir os jovens das zonas rurais.
Os pôsteres do programa, que mostram corpos nus, deixaram muitos pais chocados.
Mas o loveLife tem sido um dos programas mais consistentes na luta contra a Aids na África do Sul, que possui 5 milhões de pessoas contaminadas pelo HIV.