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O COMÉRCIO DO SANGUE NA CHINA
08/12/2005 - Reuters
China proíbe venda de sangue para conter avanço da Aids
A China responsabilizará os bancos de sangue pela qualidade do material e proibirá a venda de sangue, na tentativa de conter a difusão da Aids e de outras doenças. A decisão é provocada por uma série de relatos de contaminações por plasma vendido.
As novas regras do Ministério da Saúde prometem "punir severamente os responsáveis nos bancos de sangue pelas graves doenças...causadas pelo sangue não-qualificado". Proíbem também a venda de derivados do sangue para tratamentos experimentais com células-tronco.
Os regulamentos do Ministério da Saúde servem para "garantir a segurança do sangue e regulamentar a operação dos bancos de sangue", segundo o site do ministério. Eles entram em vigor em março, reforçando a Lei da Doação de Sangue, aprovada em 1998.
Vários pacientes foram contaminados nos últimos anos ao receberem sangue de pessoas contaminadas pelo HIV.
Um só vendedor de sangue na Província de Jilin (nordeste) infectou pelo menos 23 pessoas antes de receber o diagnóstico da doença, disse no sábado a agência estatal de notícias Xinhua.
Na Província de Heilongjiang (nordeste), 19 pessoas processaram um hospital por terem contraído Aids em transfusões, de acordo com a Xinhua.
A China disse ter 135.630 soropositivos confirmados no final de setembro e alertou que a Aids pode afetar o desenvolvimento econômico do país. O verdadeiro número de pessoas contaminadas é muito superior à cifra oficial, segundo autoridades.
Durante a década de 1990, a maioria dos soropositivos chineses contraía a doença pela venda de plasma, especialmente na Província de Henan (centro do país). Atualmente, os maiores riscos são o uso de drogas injetáveis e os contatos sexuais desprotegidos, que se tornam ainda mais frequentes devido ao êxodo do campo para as cidades.
Jeffrey Busch, presidente da Fundação Internacional do Sangue Seguro, ONG de Washington que assessora a China nessa questão, disse que o país melhorou seus controles, mas ainda precisa de várias outras proteções.
"A China construiu prédios, os equipou e colocou funcionários, mas nem todos tiveram o treinamento adequado", disse ele em entrevista. Segundo Busch, as transfusões ainda representam "um número significativo" de novas infecções pelo HIV na China.