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FÓRUM DE ONG/AIDS SP PROMOVE AUDIÊNCIA

01/12/2005 - Agência Aids

E reivindica quebra de patentes

Antecipando o Dia Mundial de Luta Contra a Aids, dia primeiro de dezembro, o Fórum de ONG/Aids do Estado de São Paulo promoveu uma audiência pública na Assembléia Legislativa de São Paulo com o tema “Aids: Compromisso nas Nações Unidas – Qual a resposta brasileira?”, o lançamento do livro Comunicaids e uma manifestação pedindo a quebra das patentes para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

A audiência, coordenada pelo deputado estadual Hamilton Pereira (PT-SP), começou com uma apresentação de Paulo Giacomini, representante municipal da RNP+ de São Paulo, e Roseli Tardelli, editora chefe da Agência de Notícias da Aids, do livro Comunicaids. A publicação é uma síntese das discussões ocorridas no seminário “Políticas Públicas e Estratégias em Comunicação”, realizada em março deste ano em Recife.

Antes das discussões em torno das metas das Nações Unidas fixadas e assinadas por diversos países na UNGASS – AIDS (Assembléia Geral das Nações Unidas sobre HIV/Aids), as atenções ficaram em torno das falas do rabino Henry Sobel, presidente do Rabinato da Congregação Israelita paulista, e do Padre Valeriano Paitoni, Presidente da Sociedade Constanzo Dalbésio.

Henry afirmou que, como rabino, ele faz um apelo para que dêem apoio às vítimas e às famílias, reiterando o conceito de compaixão presente nas religiões, principalmente no judaísmo. Ele recomenda o uso do preservativo, mas diz que essa não é a solução, mesmo que reduza temporariamente a pandemia, “a solução é a relação sexual feita com amor. Tão importante quanto o uso do preservativo é a fidelidade do parceiro, e, tão importante quanto a agulha limpa é a palavra limpa. Eu posso ser liberal, tolerante e compassivo com as pessoas, mas isso não significa que eu apoio os excessos dessa sociedade”.

Já o padre Valeriano, indo contra a visão da igreja católica que condena o uso de camisinha e promove a abstinência sexual, defendeu com veemência o uso do preservativo em todos os casos e disse que é preciso de muito cuidado com uma visão como a do rabino, pois ela pode levar a uma situação de fantasia. “A fidelidade não pode ser comprada em um supermercado. Como todos os valores religiosos e humanos, nós vamos conquistando aos poucos. Os valores espirituais superam nossa humanidade, mas se não assumirmos a humanidade não é possível ser católico, nem crente, nem nada. Defendo, sim, os valores espirituais, mas não posso vencer a pandemia convencendo as pessoas a serem castas”, defendeu o padre, que no final de sua fala proclamou sendo aplaudidíssimo depois, “se você acredita em Deus, faça sempre sexo seguro”.

Maria Cristina Abbate, coordenadora de DST/Aids do Município de São Paulo, defendeu as agulhas limpas mencionadas pelo rabino Henry Sobel. Ela informou que dos duzentos mil usuários de drogas injetáveis, sessenta por cento não esterilizam suas agulhas, “estamos tratando ‘a vida como ela é’ e precisamos de seringas limpas, sim!”.

Maria Clara Gianna, diretora técnica do Departamento de Saúde do Centro de Referência e Treinamento em DST/Aids, explicou do que se trata a UNGASS – Aids e contou que o ano de 2005 foi um ano muito difícil no que se refere à distribuição de preservativos e medicamentos, “porém, nas diversas metas das Nações Unidas, as respostas brasileiras estão sendo satisfatórias”, afirmou.

Muitos outros pontos foram abordados no debate, José Marcos de Oliveira, Secretário Nacional da RNP+ Brasil, reafirmou que o preservativo é a melhor forma de prevenção e que não há nada para se comemorar no dia primeiro de dezembro, mas sim de reforçar a capacidade de lutar da sociedade civil.

A questão de o movimento estar falando sempre para as mesmas pessoas e de parcerias com outras áreas temáticas e parcerias foi levantada pela Dra. Maria Eugênia Fernandes, Coordenadora Geral da Associação da Saúde da Família, “todos nós aqui estamos convencidos dessa discussão toda, estamos falando para nós mesmos. Gostaria que houvesse um espaço maior com parlamentares ou assessores”.

Sobre esta questão, Maria do Rosário, representando a deputada federal Telma de Souza, afirmou que é de grande importância que o estado de São Paulo faça uma frente como a coordenada pela deputada Telma no Parlamento para que haja uma discussão mais freqüente entre os deputados, para que a questão da Aids não saia de pauta.

Para finalizar o debate, Américo Nunes, presidente do Fórum de ONG/Aids de São Paulo, agradeceu imensamente a presença de todos à mesa e à audiência, e também defendeu que a Área Temática se transforme em um Programa Municipal de São Paulo. “Há sempre uma insegurança se o Programa Nacional de DST/Aids e a Área Temática vão continuar ou não”, afirmou. Por fim, Américo pediu a presença de todos ao Monumento da Bandeira, onde eles fizeram uma manifestação com faixas, banners, placas e palavras de ordem pedindo imediatamente o licenciamento compulsório dos medicamentos anti-aids ao presidente Lula.

Denis Fujito