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GRIPE AVIÁRIA

19/10/2005 - Reuters

Informações gerais

Pouco pode ser feito para evitar um surto da gripe aviária se ela aparecer no próximo ano, antes do começo da produção de uma vacina, dizem especialistas da área de saúde -- mas eles afirmam que medidas básicas podem ajudar as pessoas a se protegerem.
O principal, segundo os especialistas, é lavar as mãos, uma maneira surpreendentemente eficiente de evitar vários tipos de doença, entre os quais a gripe comum e o vírus H5N1, da gripe aviária.
A comunidade científica teme que o H5N1 adquira a capacidade de espalhar-se facilmente entre os seres humanos e provoque uma pandemia catastrófica.
O segundo conselho: não tente comprar seu suprimento pessoal de Tamiflu, um dos dois remédios que se mostraram eficientes contra a gripe aviária.
E terceiro: permaneça em casa se ficar doente.
Medidas tradicionais de higiene funcionam bem, concordaram os especialistas.
"Quando lavamos as mãos, cortamos a cadeia de transmissão de uma série de doenças," afirmou Jeffrey Griffiths, da Universidade Tufts (EUA).
Isso porque a maior parte dos tipos de gripe passam da mão para a boca. As pessoas espirram e limpam o nariz, e depois tocam no botão do microondas. Ou as partículas de uma tossida acabam sobre uma mesa e podem ir parar nas mãos de alguém.
Apesar de um vírus poder ficar suspenso no ar em gotículas, os médicos concordam que é mais comum que ele seja transmitido através das mãos. Gel feito a base de álcool e produtos de limpeza para as mãos também funcionam no combate aos vírus e bactérias.
Uma vez contaminada, uma pessoa pode tomar dois remédios considerados eficientes: o Tamiflu e o Relenza. Vários países estão fazendo estoques desses medicamentos.
Mas o médico D.A. Henderson desaconselhou que as pessoas comprem os medicamentos agora. "Acho que o Tamiflu está sendo visto como uma panacéia," afirmou o médico, que contribuiu para a eliminação da varíola e fundou o Centro de Biosegurança da Universidade de Pittsburgh. Segundo Henderson, o Tamiflu pode ajudar a enfrentar um surto da gripe, mas não oferecerá proteção à doença a partir de agora.
Em primeiro lugar, os estoques do medicamento são limitados e levará anos para aumentar a produção, mesmo que a Roche licencie a fabricação de genéricos por outros laboratórios. Em segundo, quanto mais qualquer droga for usada, maior a probabilidade de que o vírus ou bactéria que ela combate desenvolva resistência, tornando o remédio menos eficiente.

A Rússia disse à União Européia que a gripe aviária tinha chegado ao sul de Moscou, afirmou na quarta-feira a Comissão Européia (Poder Executivo da UE).
Leia abaixo os principais fatos envolvendo a presença da gripe aviária na Europa:
RÚSSIA -- Comunicou à UE que o surto do vírus mortal H5N1, da gripe aviária, se espalhou para uma região localizada 220 quilômetros ao sul de Moscou. A Rússia vem combatendo a doença desde meados de julho e já sacrificou mais de 600 mil aves domésticas.
TURQUIA -- Detectou o vírus H5N1 na semana passada, depois de 2.000 aves terem morrido em uma fazenda perto do mar Egeu.
ROMÊNIA -- Registrou a presença do H5N1 na região do delta do Danúbio. Um laboratório britânico confirmou a informação na quarta-feira.
UNIÃO EUROPÉIA -- Proibiu todas as importações de aves vivas e de penas da Turquia e da Romênia para os 25 países-membros do bloco.
GRÃ-BRETANHA -- Estocou 14,6 milhões de doses do remédio antiviral Tamiflu em março de 2005 para enfrentar um eventual surto da gripe aviária.
FRANÇA -- Intensificou o controle em seus aeroportos e está armazenando vacinas e outros medicamentos.
DINAMARCA -- Intensificou o monitoramento de aves selvagens e de aves criadas em liberdade.
FINLÂNDIA -- Reservou 20,8 milhões de euros a fim de comprar vacinas suficientes para inocular toda a sua população, de 5,2 milhões de pessoas, contra o H5N1.
BULGÁRIA -- Proibiu a importação de aves vivas e de produtos aviários da Turquia e da Romênia e aumentou as checagens nas fronteiras e nos criadouros.
ALEMANHA -- O Estado alemão da Baviera (sul) proibiu que aves sejam mantidas fora de ambientes fechados, tentando assim evitar o contado delas com aves selvagens que podem estar contaminadas com o vírus. Autoridades do país encomendaram mais de 6 milhões de doses de antivirais.
MONTENEGRO -- Proibiu a importação de aves e de produtos de aves dos países afetados, proibiu a caça de aves selvagens e ordenou o confinamento das aves de granjas privadas.
GRÉCIA -- Disse que um primeiro caso de gripe aviária foi registrado na ilha de Chios, no mar Egeu, e proibiu a venda de aves para fora do local.
HUNGRIA -- Único país da UE a fazer fronteira com a Romênia, a Hungria está desinfetando todos os caminhões que chegam a sua fronteira.
ITÁLIA -- Detectou em abril de 2005 o vírus H5N2, que também provoca gripe nas aves, mas que não oferece muitos riscos. O país sacrificou ao menos 180 mil perus.
POLÔNIA -- Ordenou que as aves de criação sejam confinadas a partir de 17 de outubro a fim de evitar que entrem em contato com aves selvagens que possam estar carregando o vírus.

VENDAS DO TAMIFLU DISPARAM FATURAMENTO DA ROCHE

(AFP) - As vendas do Tamiflu, antiviral contra a gripe das aves, fizeram disparar durante os nove primeiros meses deste ano o volume de negócios do laboratório suíço Roche, que detém a licença do medicamento.
Segundo dados divulgados nesta quarta-feira, a Roche vendeu 854 milhões de francos suíços (660 milhões de dólares) em Tamiflu, ou seja, 263% a mais que no mesmo período de 2004. Esta é o maior salto registrado entre os 20 medicamentos mais importantes da Roche. Com isso, o Tamiflu ocupa o sétimo lugar entre os mais vendidos pelo grupo suíço. O líder continua sendo o MabThera/Rituaxan (anticâncer), com vendas de 3 bilhões de francos suíços em nove meses.
O forte aumento das vendas do Tamiflu pode ser explicado pela enxurrada de encomendas vindas de todas as partes do mundo, devido aos temores de uma pandemia de gripe aviária.
Até hoje, a Roche recebeu pedidos de mais de 40 países. Segundo a Roche, a empresa ofereceu doses para 3 milhões de pessoas à OMS (Organização Mundial da Saúde).
Dona da patente, a Roche deu a entender na terça-feira que estava disposta a abrir mão de parte de sua licença para outras sociedades.
Neste contexto, o laboratório indiano Cipla começou a fazer testes para a fabricação de um genérico do Tamiflu.
A Roche anunciou um aumento total de 16% de seu faturamento nestes nove meses, a 25,4 bilhões de francos suíços (quase 20 bilhões de dólares)
A Roche não anuncia seus lucros em um período de nove meses, somente os diferentes volumes de negócios de cada um de seus departamentos.
Ao comentar os resultados, o presidente do grupo suíço, Franz Humer, indicou que a "Roche registra bons resultados de dois dígitos no terceiro trimestre, confirmando o forte crescimento do primeiro trimestre".
"Nossa divisão farmacêutica ganhou novas cotas de mercado", disse Humer, em parte graças aos novos remédios contra o câncer, o Avastin
As vendas deste remédio contra o câncer avançado de intestino aumentaram 148%, para 1,1 bilhão de francos suíços.
Estudos recentes mostraram que este remédio também é eficaz contra outros tipos de câncer, como o de pulmão ou o de mama com metástase.
O Novartis, o grande rival suíço da Roche e também um de seus grandes acionistas, com 33% dos direitos de voto, anunciou nesta terça-feira um aumento 14% de suas vendas de em nove meses, a 23,56 bilhões de dólares.

VÍRUS MORTAL DA GRIPE AVIÁRIA CHEGA À RÚSSIA

Reuters - A Rússia disse à União Européia (UE) nesta quarta-feira que havia detectado o vírus H5N1 da gripe aviária em uma área ao sul de Moscou -- o registro confirma a disseminação rumo ao ocidente de um vírus que, temem cientistas, pode provocar uma pandemia global.
A Comissão Européia (Poder Executivo da UE) afirmou que a Rússia havia identificado o H5N1 cerca de 200 quilômetros ao sul de Moscou, na região de Tula, perto de um lago frequentado por um grande número de patos selvagens.
O vírus mortal -- que já matou mais de 60 pessoas na Ásia desde 2003 e obrigou milhões de aves a serem sacrificadas -- também foi encontrado na Turquia e na Romênia.
Em meio aos preparativos adotados pelos países europeus para responder à crise, a Grã-Bretanha disse que pretende comprar uma quantidade de vacina suficiente para proteger toda a população do país no caso de o vírus adquirir a capacidade de disseminar-se pelos seres humanos facilmente.
E a Alemanha afirmou que confinará todas as aves de criação em ambientes fechados a fim de evitar que entrem em contato com aves migratórias, que seriam as portadoras do vírus vindo da Ásia.
A Rússia já tinha encontrado o H5N1 na Sibéria e no leste do país. Mas o anúncio de quarta-feira foi o primeiro a colocar o vírus mais a Oeste, nos montes Urais, barreira natural que separa a Rússia asiática da Rússia européia.
O Ministério da Agricultura do país afirmou que 220 patos domésticos tinham morrido em virtude da doença na semana passada, no vilarejo de Yandovka. As autoridades baixaram uma quarentena na região e ordenaram o abate de 3.000 aves.
A gripe aviária também foi descoberta em uma ilha grega do mar Egeu, mas ainda não se sabe se o vírus presente ali é o H5N1.
A Romênia, onde a presença do vírus foi confirmada na semana passada em um vilarejo do delta do Danúbio, disse que testes em aves encontradas em um segundo vilarejo apontaram para a existência da doença ali também.
A Comissão Européia disse que aumentaram as chances de surgir uma pandemia de gripe entre a população mundial e aconselhou os países da UE a estocar remédios antivirais -- 16 membros do bloco encomendaram a compra desses medicamentos.
Na terça-feira, chanceleres dos países-membros da UE declararam a gripe aviária uma "ameaça global". Mas, na quarta, o Centro Europeu para a Prevenção e o Controle de Doenças (ECDC) tentou acalmar a população.
"Por enquanto, não há razão para pânico na Europa", disse Zsuzsanna Jakab, chefe do centro. "A chance de que as pessoas sejam contaminadas pelo vírus é mínima".

SEM PÂNICO

Cientistas temem que o H5N1 sofra as mutações necessárias para adquirir a capacidade de passar facilmente de uma pessoa a outra. Mas, segundo o ECDC, isso era improvável.

"Esse vírus ainda não está adaptado aos seres humanos. Ele não é capaz de passar de uma pessoa a outra e, até que isso aconteça, ele não será capaz de provocar uma pandemia", disse Jakab.
E, de toda forma, a gripe aviária continua a ser um problema muito mais sério na Ásia. A China disse que 2.600 aves de uma fazenda da Mongólia Interior haviam morrido devido ao H5N1.
Segundo a agência de notícias chinesa Xinhua, o surto, para o qual não foi divulgada uma data, já havia sido controlado. O Ministério da Saúde afirmou não ter registrado nenhum caso de contaminação de seres humanos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) disse que o vírus é endêmico nas aves da China e de grande parte da Ásia.
Os países europeus, de outro lado, tentam encontrar um difícil equilíbrio entre não alimentar o pânico na população e dar mostras de que estão agindo. A Alemanha disse ter ordenado o confinamento de todas as suas aves em espaços fechados depois da notícia sobre o surgimento do H5N1 no oeste da Rússia.
"Devido ao aparecimento do vírus ao sul de Moscou, temos de reavaliar os riscos", disse à Reuters o ministro alemão do Meio Ambiente e da Agricultura, Juergen Trittin.
Para virar um vírus capaz de provocar uma pandemia, o H5N1 teria que sofrer uma mutação por conta própria ou misturar seu material genético com um vírus da gripe humana para se tornar altamente contagioso nas pessoas, que têm pouca ou nenhuma imunidade contra ele.
Poderia levar de 4 a 6 meses para identificar uma pandemia e desenvolver uma vacina contra ela. A primeira linha de defesa seriam as drogas antivirais.
O laboratório Roche, empresa suíça do antiviral Tamiflu, disse na quarta-feira que as patentes não seriam um obstáculo para que os doentes conseguissem a droga no caso de uma pandemia.