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TROCA DE EXPERIÊNCIAS ANTI-AIDS

20/06/2005 - Agência Reuters

Entre profissionais do sexo da Índia e Paquistão


Um grupo de prostitutas paquistanesas está recebendo dicas sobre sexo seguro e "gerenciamento de bordéis" em um dos maiores distritos "da luz vermelha" de Calcutá, afirmaram ativistas na área de saúde.
As prostitutas indianas estão orientando as profissionais do sexo paquistanesas no bairro Sonagachi, onde 6.000 trabalham na área, sobre um programa anti-Aids administrado por prostitutas.
"Elas nos perguntaram sobre nosso programa anti-Aids e nossa técnica de gerenciamento de bordéis", disse Mrinal Dutta, ativista na área de saúde e porta-voz do grupo de prostitutas de Sonagachi, o DMSC.
O programa anti-Aids de Sonagachi reduziu a taxa de infecção de cerca de 90 por cento há uma década para cerca de 5 por cento, em parte pelo incentivo às prostitutas para se negarem a manter relações sexuais sem preservativo.
O programa acabou sendo usado como modelo pela fundação Bill e Melinda Gates, com sede nos EUA, para um projeto de 200 milhões de dólares em seis cidades indianas.
"Estamos especialmente impressionados com o sistema de auto-regulamentação do DMSC, que impede a entrada de menores no comércio sexual e evita métodos de coerção", disse Majid Rani, líder do grupo de prostitutas paquistanesas.
As paquistanesas visitaram as ruas de Sonagachi e entraram em vários bordéis minúsculos e escuros, de um quarto só, para "verificar as condições de trabalho". "Temos problemas semelhantes nos dois países. Tentamos aprender com nossas experiências e trocar idéias", disse Swapna Gayen, ex-prostituta indiana que agora trabalha na área de saúde.
A prostituição é oficialmente proibida na Índia e no Paquistão, mas sua prática continua generalizada e as autoridades não a reprimem. Na Índia, o governo faz campanhas anti-Aids através de grupos como o DMSC. Cerca de 5,1 milhões de pessoas são HIV-positivo ou têm Aids na Índia, que é o país mais afetado depois da África do Sul.
O Ministério da Saúde da Índia registrou 28 mil novos casos de HIV/Aids em 2004, uma queda drástica em relação a 2003, quando houve 520 mil novos diagnósticos. Mas o ministro da Ciência indiano admitiu que esses números podem ser ilusórios.