Notícias

VACINAS ANTI-HIV

13/06/2005 - Agência Aids

Professor vê discriminação em testes com vacinas

Pessoas de países pobres que participam de testes de vacinas estão correndo risco de contaminação sem contar com garantias de bom tratamento médico, alerta Dirceu Grecco, professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), um dos participantes do Fórum Mundial de Avaliação das Vacinas, promovido em Salvador pela Organização Mundial da Saúde (OMS).
O evento, aberto no domingo, conta com a participação de cerca de 200 pesquisadores, produtores e reguladores de vacinas de todo o mundo. Grecco, que presidiu o primeiro debate, introduziu o tema da ética nos testes de vacinas com humanos lembrando um exemplo de 1997. "Foram feitas pesquisas americanas consideradas não-éticas na Tailândia e na África do Sul, onde mulheres grávidas contaminadas com aids foram submetidas a testes de um tratamento simplificado mas, para comparação, a metade dessas mulheres recebeu placebo ou nada como tratamento", relatou.
Segundo o professor, "isso provocou um protesto internacional", mas os Estados Unidos continuam defendendo a tese de que "cada lugar tem seu tipo de pesquisa". Pesquisadores de vários países, disse ele, começaram um movimento tendo como base a Declaração de Helsinki, que diz que qualquer pessoa que participar de um teste clínico "tem direito aos melhores tratamentos existentes no mundo”.
Outras interpretações divergentes das normas internacionais têm prejudicado as populações pobres, segundo Grecco. “Se, por acaso, as pessoas num ensaio clínico de HIV, testando uma vacina que não se sabe se funciona, acabam se infectando, têm ou não direito de serem tratadas da infecção que pegaram?", exemplifica ele. "Os americanos dizem que não, que depende do lugar em que se está, se o lugar não tem acesso a nada, o paciente não vai receber nada."
Segundo Grecco, essa é a grande discussão: como manter a ética igual no mundo inteiro. Para o pesquisador, trata-se de mais um tipo de discriminação econômica. Ele esclareceu, porém, que não existe hoje o risco de infecção por alguma vacina. “Nenhuma vacina testada contra a aids pode infectar as pessoas, pois não se usa o vírus na vacina”, garantiu.

Fonte: Agência Estado