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Auto-estima de volta

24/06/2003 - O DIA (RJ)

Exercícios de fonoaudiolgia recuperam músculos após lipodistrofia

Série de exercícios de fonoaudiologia recuperam músculos de paciente com HIV

Daniella Daher

Exercícios de fonoaudiolgia estão devolvendo a auto-estima a portadores do HIV que sofrem com um dos efeitos colaterais do coquetel anti-Aids: a lipodistrofia. Com a desaparecimento da camada de gordura do rosto, a pele fica flácida, a pessoa tem a aparência prejudicada e acaba caindo em depressão.

A descoberta do efeito dos exercícios oromiofaciais para eliminar a flacidez do rosto foi um 'efeito colateral' da terapia. "Uma infectologista do Hospital da Lagoa, onde trabalho, tinha um paciente particular que foi encaminhado para uma fonoaudióloga porque estava com problema para engolir. A médica ficou impressionada com a melhora estética desse paciente e me propôs fazermos a experiência", conta a fonoaudióloga Dulce Lemos.

Manipulação manual e com aparelho completa prática

Ela montou um programa com alguns exercícios usados para pacientes com paralisia facial e outros com o objetivo de fortalecer a musculatura e retesar os nervos que mandam estímulos para a pele do rosto. "Cada exercício deve ser repetido apenas oito vezes, caso contrário, cansa o músculo", explica Dulce, que começa cada sessão com relaxamento baseado na ioga.

As sessões são individuais e personalizadas, pois, como explica Dulce, cada paciente é único. "Cada um tem uma história, e a lipodistrofia se apresenta de diferentes formas", enfatiza.

Com a evolução do tratamento, depois da série de exercícios, Dulce passa para a manipulação manual e com aparelho. Em casa, o paciente também deve repetir os exercícios e a massagem facial em frente ao espelho.

Dulce tem atendido desde fevereiro pacientes encaminhados por infectologistas de vários hospitais. "Acredito que eu seja a única fonoaudióloga que esteja trabalhando para combater os efeitos da lipodistrofia." A partir de agosto ela vai estar atendendo no Instituto de Prevenção à Aids, na Tijuca Rua Jurupari, 8, tel.: 3233-9481) .

Segundo Dulce, o resultado mais evidente da terapia oromiofacial é a melhora da auto-estima dos pacientes. "Pessoas que chegam baqueadas, deprimidas, começam a procurar emprego, voltam a se maquilar, a pintar o cabelo", conta.

Quanto mais jovem é o paciente mais rápido ele vai apresentar resultados. "A genética também conta", diz, acrescentando que uma de suas pacientes, de 51 anos, vai ter alta depois de completar sete meses de terapia. O ideal é fazer a terapia duas vezes por semana. Depois da alta, a manutenção deve ser feita a cada 15 dias.