Notícias

ENCONTRO EM ROMA PARA COMBATER A AIDS

27/05/2005 - EFE/UOL

Países africanos se reúnem em Roma

Cerca de 20 países africanos se uniram nesta sexta-feira em Roma ao projeto "Dream", destinado a tratar mulheres e crianças afetadas pela Aids no continente, onde vivem seis de cada dez pessoas contaminadas por essa doença no mundo.
O programa, promovido pela comunidade católica de São Egídio, comprometida com diversos conflitos africanos, já se desenvolvia no Quênia, Tanzânia, Moçambique, Guiné Equatorial e Malauí e agora vai para outros, como Burundi, Camarões, República Centro-Africana, Gana, Costa do Marfim, Etiópia, Nigéria e Togo.
Através deste projeto são distribuídos tratamentos específicos contra a Aids e construída a infra-estruturas para atender mulheres e crianças, como as 20.000 pessoas que atualmente são beneficiadas pela iniciativa.
Segundo dados de organismos internacionais, dois de cada três afetados pela Aids na África são mulheres e um de cada dez crianças africanos é portador desta doença, que até agora causou a morte de cerca de 25 milhões de pessoas.
O representante de São Egídio, Mario Marazziti, disse à EFE que, frente a estes dados, o programa "Dream" demonstrou que 7% das crianças nascidas de mães afetadas pela Aids não desenvolvem a doença com um tratamento adequado.
O "Dream" é o programa global gratuito mais difundido na África para mulheres e crianças e o tratamento completo que promove assegura que não se desenvolva uma resistência aos remédios.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elegeu este projeto como ferramenta para combater a Aids na África, e instou os países não inscritos a colocá-lo em marcha para salvar milhares de afetados.
Com um orçamento que este ano alcança os 14 milhões de euros, o programa constrói as infra-estruturas necessárias para aplicar o tratamento e efetuar o correspondente acompanhamento, que é de cerca de 10 anos por pessoa.
A reunião realizada hoje em Roma, da qual participaram membros do Banco Mundial (BM), da indústria farmacêutica italiana, do departamento de saúde dos EUA e da Igreja Católica, solicitou à comunidade internacional que assuma uma posição para resolver este grave problema.
O representante de Moçambique, Brazão Mazula, assinalou que "a Aids é uma bomba atômica para nosso continente, que mata em massa, lentamente, não é seletiva e seus efeitos se multiplicam".
O prefeito de Roma, Walter Veltroni, assinalou na abertura do encontro que a comunidade internacional tem "que estar à altura" para poder ajudar a África, onde vivem 64% dos doentes de Aids que existem no mundo.
Veltroni se referiu ao ex-presidente sul-africano Nelson Mandela, que recentemente anunciou a morte de seu filho por causa de Aids, como um claro exemplo de como se comportar com relação à doença, para que as pessoas deixem de vê-la como "algo extraordinário, reservado às pessoas que vão para o inferno".
O cardeal italiano Renato Martino assegurou que "em um mundo controlado pelas grandes potências, a África ficou sem importância.
Por isso é um imperativo de solidariedade moral e política lhe dar um futuro de esperança".
Para o presidente italiano, Carlo Azeglio Ciampi, o problema está em um mundo que é capaz de investir 900 bilhões de dólares por ano em armas, quando 10 bilhões seriam suficientes para enfrentar a epidemia nos países pobres.