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1º ENCONTRO NAC. DAS CIDADÃS POSITHIVAS

12/05/2005 - Agencia Aids

Destaque para edpidemia de aids na AL e no Caribe

DISCUSSÕES A RESPEITO DA EPIDEMIA DE AIDS NA AMÉRICA LATINA E NO CARIBE RECEBEM DESTAQUE NO PRIMEIRO

A manhã do primeiro dia de discussões do I Encontro Nacional do Movimento Nacional das Cidadãs Posithivas trouxe um panorama da situação da Aids no Brasil, América Latina e Caribe. À mesa, Georgina Gutierrez, que do México veio representar o Movimento Latino Americano e Caribenho de Mulheres Positivas e Jenice Pizão, uma das fundadoras das ações que as mulheres soropositivas brasileiras iniciaram, há cerca de 10 anos, e que, atualmente trabalha na Unidade de Sociedade Civil e Direitos Humanos do Programa Nacional de DST/Aids.
O panorama crescente da epidemia na América Latina e Caribe entre as mulheres traz dados preocupantes nas informações divulgadas por Georgina. De 1 milhão e meio de pessoas que vivem com HIV/AIDS na região, 30% são mulheres, donas-de-casa, monogâmicas.A maioria foi infectada por seus parceiros. O Caribe é a segunda região onde existe um número maior de pessoas infectadas no mundo, atrás apenas da África. Segundo seus dados, 53% das pessoas que vivem com o vírus, e já manifestaram a doença, recebem a medicação.
Na Colômbia, as mulheres representam 25% das infecções. No Haiti, 50%, em Honduras, Jamaica e Suriname registra-se o mesmo patamar de infecção entre as mulheres. “A taxa de incidência foi crescendo gradativamente entre as mulheres donas-de-casa.” São necessárias campanhas que falem de prevenção e de vulnerabilidade, especificamente para essas mulheres. É preciso romper com o estigma de que só as mulheres que são trabalhadoras do sexo estão expostas ao HIV”, reclamou a ativista. Como melhorar a situação de vulnerabilidade da mulher? Ela não tem uma fórmula, claro, mas fala de diretrizes e ações que trarão bons resultados. “É preciso dar poder às mulheres, existir políticas públicas de saúde para elas. Ter uma participação efetiva das mulheres no enfrentamento da epidemia e uma maior investigação sobre os efeitos colaterais que a medicação tem trazido.”
Otimista, ela cita o presidente do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS (UNAIDS), Peter Piot, que ao falar sobre a epidemia na América Latina disse que temos o tempo a nosso favor , “para construir uma resposta mais rápida e concreta” e barrar o crescimento do HIV entre as mulheres.
O fato do Brasil ter respeito internacional por ter solidificado uma resposta de política pública contra a doença foi lembrado, sim, nas considerações de Jenice Pizão que sem rodeios seguiu cobrando um serviço público médico de qualidade para as mulheres e mais eficiência por parte dos profissionais de saúde. Ressaltando a rica experiência que é estar hoje no governo, ela considerou as dificuldades que o país teve na manutenção da distribuição gratuita de remédios, “uma falha por parte dos gestores inadmissível”, disse. “Eu, como muitas de vocês, tive que receber o Biovir fracionado e senti na pele a insegurança que isso traz”, desabafou. Das 17 mil gestantes que estima-se, serem soropositivas no Brasil a cada ano, apenas 5.923 recebem o tratamento adequado para evitar a transmissão vertical, segundo dados de 2002. Melhorou. Em 1996 foram 1.234 mulheres que receberam atendimento, mas, é evidente que ainda não é o ideal. Temos o AZT, mas nem sempre o pré-natal é feito com o tempo necessário para que a mulher receba o medicamento e também nem sempre temos o teste rápido disponível”, alertou Jenice. Segundo ela o Brasil tem pela frente o desafio de responder com equidade de tratamento para todas as regiões e priorizar ações para as populações mais vulneráveis.