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ÁFRICA DO SUL CRITICA METAS DA OMS

06/05/2005 - Agência Reuters

Nos tratamentos contra Aids

A ministra sul-africana da Saúde, Manto Tshabalala-Msimang, criticou na quinta-feira as metas da Organização Mundial da Saúde (OMS) para o tratamento da Aids e acusou o órgão da ONU de usar o país como bode expiatório por não cumprir as metas globais.
A África do Sul tem a maior população soropositiva do mundo -- 1 em cada 9 dos 45 milhões de habitantes são portadores do vírus HIV. Apenas cerca de 42 mil sul-africanos recebem tratamento financiado por dinheiro público.
A ministra disse que a OMS não consultou a África do Sul ao estabelecer sua campanha "3 em 5", cujo objetivo é oferecer tratamento com drogas anti-retrovirais para 3 milhões de pessoas em 2005 na África, na Ásia e na América Latina. É improvável que tal meta seja atingida.
"Eles estabeleceram um alvo para si mesmos, não fizeram consultas, e não fizemos parte da decisão sobre esse alvo", disse Tshabalala-Msimang, que questiona publicamente a eficácia dos medicamentos.
O governo do presidente Thabo Mbeki, que durante anos resistiu ao uso dos anti-retrovirais, cedeu à pressão em 2003, quando criou um programa público de tratamento. Mas os líderes enfatizam que as drogas são apenas uma parte da reação à epidemia, e que a nutrição e a higiene são igualmente importantes.
Tshabalala-Msimang disse que a África do Sul será pressionada a ampliar a abrangência dos anti-retrovirais apenas para ajudar a OMS a atingir sua meta de 3 milhões de pacientes tratados.
"Não quero ser pressionada, e portanto nós, os sul-africanos, ficamos com a culpa, somos os bodes expiatórios que não estamos ajudando a Organização Mundial da Saúde a atingir aquela meta."
Ela reiterou que os anti-retrovirais podem ser perigosos e provocam efeitos colaterais letais. Segundo o governo, o número de pessoas que recebem essa terapia saltou de 28 mil em fevereiro para 42 mil. O objetivo era atender 53 mil pacientes até o final de março de 2005.
"Quando falamos de anti-retrovirais, continuo a educar o povo deste país sobre seus efeitos colaterais", disse a ministra, acrescentando que tratamentos tradicionais não acarretam os mesmos ricos.
"Não tenho informação de que a nutrição traga efeitos colaterais: alho, limão, azeite e beterraba", disse ela, citando uma lista de ingredientes que, no passado, ela indicou como remédios contra a Aids.
Mas ela se distanciou de uma campanha do médico independente Matthias Rath, que distribui panfletos em bairros pobres dizendo que os anti-retrovirais são venenosos.
A Campanha para Ação do Tratamento foi à Justiça contra a Fundação Rath para que o médico pare de distribuir os folhetos e dizer que a entidade defende os interesses dos laboratórios internacionais.
Tshabalala-Msimang já defendeu Rath no passado e diz que o médico apóia as opiniões do governo sobre a nutrição como forma de combate à doença.