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MÃDIA DIZ QUE CIRO GOMES VAI PARA MS

16/03/2005 - Agência Aids

Mudança ministerial

Apesar do presidente Luis Inácio Lula da Silva ainda não ter anunciado, o jornal Folha de S.Paulo já dá como certa a substituição do ministro da Saúde, Humberto Costa (PT), pelo chefe da Integração Nacional, Ciro Gomes (PPS). Para os representantes das pessoas vivendo com HIV/AIDS, seja o político que fez carreira no Ceará ou qualquer outro que assumir a pasta, a qualidade na área temática de DST/AIDS deve ser mantida, tendo como prioridade a distribuição de todos os medicamentos anti-retrovirais.
O presidente do Fórum de ONG/AIDS de São Paulo, Rubens Oliveira Duda, disse que esta instituição vai exigir que as políticas de prevenção e assistência sejam ampliadas. “O Lula pode colocar quem quiser no cargo, só queremos a manutenção da qualidade”, comentou. “E que os problemas sejam resolvidos, como a falta de medicamentos que ainda não foi totalmente superada”, completa.
Da mesma opinião é o presidente do Fórum de ONG/AIDS do Amazonas, Julio Rodrigues. “Independentemente de quem estiver à frente do Ministério da Saúde, as boas ações têm que ser mantidas, mas sempre acrescentando mais garantias aos portadores do HIV. Queremos um SUS (Sistema Único de Saúde) integrado e de boa qualidade.”
Já a integrante da coordenação do Fórum de ONG/AIDS do Ceará (Estado em que Ciro Gomes, o mais cotado para assumir o cargo, governou) Mirtes Brígido Machado destaca que a área precisa de “um cuidado especial”. “Nós referenciamos a objetividade do Ciro, mas temos uma preocupação enquanto ao envolvimento dele com os movimentos sociais, que são muito importantes para o combate da Aids,” comenta.
Para a coordenadora, o possível novo ministro da Saúde não tem “tradição” em trabalhar ao lado da sociedade civil organizada. “Temos uma boa expectativa, mas em nosso Estado, por exemplo, onde a pobreza é muito grande, a participação da população é essencial”, explica.
De acordo com a Folha de S.Paulo, a decisão de Lula sobre a reforma ministerial, que será anunciada na próxima quinta-feira, 17, teria sido acertada no último domingo na Granja do Torto com os principais ministro do PT e o presidente do partido José Genoino.
Nessa segunda-feira, o ministro da Saúde, Humberto Costa, ameaçou quebrar as patentes de quatro remédios contra a Aids, caso não cedam voluntariamente ao Brasil, mediante pagamento de royalties, os direitos de produção desses medicamentos. Em carta enviada aos laboratórios Abbott, Merck Sharp & Dohme e Gilead Science Incorporation, o ministro fixou prazo de 21 dias para que as empresas se manifestem e aceitem o chamado licenciamento voluntário.
Costa, no entanto, negou que esteja seguindo qualquer estratégia política para continuar no cargo e afirmou que age em defesa do Programa Nacional de DST/AIDS. “Não tem nada a ver com a reforma ministerial. É o timing que acertei com o presidente Lula” disse ele ao jornal O Globo.
Saiba mais sobre a carreira política de Ciro Gomes
Ciro Ferreira Gomes nasceu em 1957, em Pindamonhangaba, interior de São Paulo. Mais tarde sua família voltou para o Ceará, onde se formou em advocacia na Universidade Federal do Ceará em 1981. Aos 29 anos, Ciro foi eleito para a prefeitura de Fortaleza. Em 1990, ganha com ampla maioria o governo do estado do Ceará. Em 94, é convidado para o Ministério da Fazenda, durante o governo Itamar Franco, e ganha projeção nacional. Ciro substitui o ex-ministro Rubens Ricupero.
Com a eleição de Fernando Henrique em 1994, chegou a ser convidado para o Ministério de Saúde, mas recusou. Nessa época, fez diversas críticas ao nome escolhido, José Serra. Em 1998, candidatou-se à Presidência da República pelo PPS, obtendo cerca de 10 milhões de votos. Em 2002, quase chegou ao segundo turno da eleição, mas enfrentou uma forte campanha contrária do candidato do PSDB, José Serra. No fim, se aliou a Lula contra Serra.