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DIREITO LEGÍTIMO
03/03/2005 - Folha de São Paulo
Ter filhos é um direito legítimo, diz Ministério da Sáude
A iniciativa do governo federal de estender o tratamento de reprodução assistida não inviabiliza as outras ações de prevenção e tratamento da Aids, de acordo com Ricardo Pio Marins, diretor-adjunto do Programa Nacional de DST/Aids do Ministério da Saúde.
Segundo ele, com o novo perfil dos infectados de Aids (heterossexuais jovens), é cada vez maior o número de casais soropositivos e sorodiscordantes que desejam constituir uma família.
"Houve aumento da longevidade e da qualidade de vida dos doentes. Ter filhos passou a fazer parte da vida dessas pessoas. É um direito legítimo", diz o diretor.
Para Marins, a reprodução assistida é uma forma de evitar que mais pessoas sejam contaminadas, por meio de relações sexuais desprotegidas com o objetivo de gravidez, ou durante a gestação.
"Lavagem" foi criada por médico italiano
Criada há dez anos pelo médico italiano Augusto Semprini, a técnica de "lavagem" dos espermatozóides consiste em separar o HIV presente no líquido seminal antes da fecundação, impedindo a contaminação.
Apesar de não haver relatos na literatura mundial de bebês contaminados por essa técnica, médicos brasileiros decidiram aperfeiçoá-la. Após todas as etapas da lavagem, é escolhido só um espermatozóide para ser injetado no óvulo, técnica chamada de ICSI.
Segundo o ginecologista Selmo Geber, da Universidade Federal de Minas Gerais, como o vírus HIV não é um parasita intracelular, opta-se por escolher um único espermatozóide viável para a fertilização. "É mais seguro."
Há médicos que também submetem os espermatozóides a obstáculos químicos aos quais apenas os saudáveis sobrevivem. O urologista Edson Borges prescreve um tratamento à base de antibióticos, como forma de diminuir o número de linfócitos (que aparecem quando há infecção e que são responsáveis pela propagação do HIV) no organismo.