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GIV 15 ANOS

14/02/2005 - Agência Aids

Lutando para ajudar as pessoas com hiv/aids serem mais felizes

No próximo dia 26, o GIV (Grupo de Incentivo à Vida) vai realizar mais uma comemoração de aniversário, pois, como já é de costume na instituição, trata-se do último sábado do mês - dia escolhido para homenagear todos os integrantes que fizeram aniversário. No entanto, esta celebração será especial, pois além das homenagens individuais, os 15 anos desta que é uma das principais organizações não governamental (ONG) ligadas à causa da Aids do país serão lembrados.
Dia 8 de fevereiro de 1990 surgia, na cidade de São Paulo, um grupo sem fins lucrativos com o intuito principal, já expresso em seu nome, de incentivar as pessoas com HIV/AIDS a viverem bem. Os anos foram se passando, muitas conquistas sendo obtidas, assim como algumas perdas irreparáveis, e o GIV passou a ter mais objetivos. “Era uma ONG exclusivamente voltada à convivência entre os soropositivos, hoje temos também uma forte ligação com o ativismo político”, ressalta o ativista e coordenador do boletim de vacinas da instituição, Jorge Beloqui. Para ele que está no GIV desde 1996, o grupo atualmente luta por um contexto mais amplo, que não envolve somente seus integrantes e os portadores do HIV/AIDS, mas vários setores da área da saúde.
Entretanto, a idéia de trabalhar com a auto-estima das pessoas será sempre marca do GIV, afirma Beloqui. “O fato da direção do grupo ser comandada exclusividade pelos que têm HIV/AIDS foi muito importante para motivar essas pessoas”, citou. “Mas isso não quer dizer que a ajuda das pessoas que não têm o vírus não seja importante. A luta contra a Aids precisa de todos”, acrescenta.
Foi em uma dessas ações de motivação e incentivo, realizada em 1995, que o atual presidente, Gil Casimiro, conheceu o grupo. “Eu lembro muito bem que era um dia de festa de aniversariantes, como as que ocorrem até hoje, pois tive muito medo de entrar na casa e encontrar um monte de gente desfigurada pela doença ou em um lugar em que só existia tristeza e desesperança”, conta. No entanto, o que Casimiro encontrou foi o oposto. “Para a minha surpresa, havia gente dançando, outros rindo e eu ficava tentando achar alguém com cara de doente. Com raras exceções havia algumas poucas pessoas debilitadas, mas mesmo assim demonstravam muita alegria.”
Há 10 anos no grupo, Casimiro considera que sua vida obteve várias melhorias. “Durante algum tempo fiquei tentando me esconder de tudo e, mesmo sentindo vontade de freqüentar mais assiduamente, relutava em não querer falar muito sobre a nova vida que tinha. Mas depois vi que somente eu mesmo poderia estar fazendo alguma coisa, por isso resolvi fazer terapia e passei a ter mais interesse pelos trabalhos da instituição”, lembra.
Ele começou como ajudante, passando pela tesouraria, até chegar na presidência, cargo que ocupa há três anos. Segundo ele, o GIV passou por importantes momentos políticos referentes à epidemia como o acesso gratuito aos anti-retrovirais e a regularização dos exames do HIV, mas continua lutando por melhorarias na qualidade da assistência. Entre elas, a humanização do tratamento; a luta contra a discriminação e o monitoramento contra a falta de medicamentos. “Em especial para as doenças oportunistas que infelizmente ainda são constantes”, reclama.
Os 15 anos do GIV, além de representar muito para todas as pessoas que fizeram e/ou fazem parte do grupo, é um marco importante para o combate nacional da epidemia de Aids. Freqüentemente, representantes governamentais ressaltam que se não fosse o movimento social, o sucesso para frear a expansão da Aids não teria sido obtido com tanto êxito no país.