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RISCO DE DENTISTA CONTRAIR HIV Ã PEQUENO

01/02/2005 - Agência Aids

é baixa, em comparação a outros vírus.

O jornal O Estado de S.Paulo, publica uma matéria sobre os riscos de contágio de doenças para os dentistas. O artigo, de autoria da jornalista Adriana Dias Lopes, informa que a possibilidade de o dentista contrair ou transmitir o vírus HIV - que provoca a Aids - é baixa, em comparação a outros vírus. Segundo o professor de biossegurança em odontologia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP), Jayro Guimarães Junior, entrevistado pela jornalista, o vírus da Aids morre a 56,4º, temperatura mais baixa que a de um cafezinho. Leia a seguir a matéria.
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Riscos de contágio no dentista

Sem os devidos cuidados, consultórios odontológicos podem ser fonte de infecção para profissional ou paciente

O CONSULTÓRIO IDEAL ODONTOLOGIA
Adriana Dias Lopes

De imediato, o termo biossegurança é associado a discussões em torno de pesquisas com embriões humanos, meio hospitalar ou alimentos transgênicos. Existe um grupo, no entanto, formado hoje por cerca de 180 mil pessoas no País, que vem utilizando a palavra com freqüência cada vez maior em seu meio de trabalho. São os dentistas. E o número citado refere-se à quantidade desses profissionais cadastrados no Brasil.

Biossegurança na área odontológica refere-se aos cuidados não só com a simples higiene, mas com a esterilização correta dos mais variados objetos do consultório e a prevenção da transmissão de doenças. Para o dentista, a maior concentração de microorganismos no consultório está na boca do paciente. Para o paciente, em objetos não esterilizados devidamente.

“Muitos ainda pensam que basta o dentista usar luvas descartáveis ou limpar diariamente os objetos para acabar com infecção no consultório”, diz a microbiologista e cirurgiã-dentista Lusiane Camilo Borges, da empresa BioLógica, Qualidade em Biossegurança. Lusiane foi a responsável por um dos cursos mais disputados no 23.º Congresso Internacional Odontológico, que ocorreu em São Paulo na semana passada. A aula Biossegurança no Consultório Odontológico teve de ser ministrada quatro vezes ao dia durante a semana de duração do congresso para atender à demanda.

Entre os objetos que podem servir de foco de contaminação estão a cuspideira, o refletor, a estufa, o aparelho compressor (que manda ar para equipamentos como a broca) e o refletor. “Na época em que me formei, há 30 anos, o dentista só usava luvas em cirurgias”, diz Jayro Guimarães Junior, professor de biossegurança em odontologia na Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (USP) e autor do livro Biossegurança e Controle de Infecção Cruzada em Consultórios dontológicos (Editora Santos, 536 págs., R$ 77). “Hoje, a batalha é conscientizar esse profissional sobre técnicas de esterilização.”

ACIDENTES

A situação atual pode não ter mudado tanto como se imagina. Pesquisa realizada em 2002 por Maria Rozeli de Souza Quirino e Marcelo Vilas Bôas, do Departamento de Odontologia da Universidade de Taubaté, com 20 protéticos e 44 cirurgiões-dentistas, mostrou que 20% deles não usavam luvas e 65% não utilizavam óculos como equipamento de proteção. Mais: 30% deles sofreram acidentes com objetos perfurocortantes (bisturi, agulhas e sondas, por exemplo) e 15% desconheciam as doenças que poderiam adquirir no consultório.

De acordo com o Sistema de Informações para Acidentes com Material Biológico (Sinabio), 29% dos acidentes com material perfurocortante ocorrem com os dentistas. O número posiciona o profissional em segundo lugar no ranking da área de saúde. Em primeiro (com 40%), está o auxiliar de enfermagem. O médico, para se ter idéia, está lá em baixo na escala, com apenas 4%.

Não há registros sobre a incidência de doenças transmitidas especificamente em consultórios odontológicos, mas sabe-se que existe transmissão de resfriado, sarampo, pneumonia, herpes e catapora, que passam pela saliva ou o sangue.

A dentista A.I., de 26 anos, de São Paulo, que pediu para não ser identificada, contraiu catapora de um paciente há dois anos. “Minha paciente estava infectada e não me avisou. Só soube que ela havia sido a transmissora alguns dias depois da consulta, quando eu já estava com os sintomas. Minha parceira de trabalho foi atende-la para continuar o tratamento e comentou com ela o que havia ocorrido comigo. Foi aí que a paciente disse que estava com catapora, mas que a doença só havia se manifestado na barriga e na região do couro cabeludo”, lembra A.I. “A culpa foi também minha. Minha máscara era de má qualidade, ela nem cobria meu nariz e isso pode ter ajudado.” O vírus pode ser transmitido pelo ar. A máscara ajuda a filtrar o ar e também a proteger o profissional de respingos de saliva e sangue.

No fim do ano passado, a paulistana Cláudia Costa, de 24 anos, pegou um resfriado no consultório de seu odontologista. “Estou certa de que foi da assistente dele. Durante a consulta, ela chegou várias vezes perto de mim para arrumar o guardanapo de papel ou segurar o algodão na minha boca. E ela estava bem resfriada e espirrou perto da minha cadeira”, lembra. “Fiquei muito mal. Peguei apenas um resfriado, mas poderia muito bem ter sido contaminada com doenças bem mais sérias.”

HIV

Já a possibilidade de o dentista contrair ou passar o HIV no exercício da profissão é baixa, se comparado com outros vírus. “O vírus da aids falece a 56,4° C, temperatura mais baixa que a do cafezinho”, explica Guimarães Junior, da USP. “Já o das hepatites B e C, por exemplo, precisam estar sob temperatura em torno de 180° e assim permanecerem durante uma hora para morrerem.” Os vírus da hepatite B e C podem ser transmitidos sexualmente, pelo sangue e pela saliva.

Para completar, as chances de um dentista pegar hepatite B e C é cerca de três vezes maior em relação à população em geral, por conta da própria realidade de trabalho, como lidar com sangue e saliva, e ter alta rotatividade de pacientes, que é a chamada infecção cruzada.


Fonte: O Estado de S.Paulo