Adesão ao tratamento anti-HIV
Início da terapia antirretroviral
O início do tratamento com medicamentos antirretrovirais é um dos momentos mais difíceis para o soropositivo, pois uma nova rotina deve ser incorporada em sua vida. E os remédios podem lembrá-lo a cada momento da doença. Por isso, os profissionais de saúde devem ajudar o paciente a enfrentar o início da terapia.
É preciso tomar os remédios corretamente, mesmo com possíveis problemas de horário e efeitos colaterais. E a adesão é um dos maiores desafios para a os pacientes. Por isso, na conversa com o médico, o soropositivo deve listar as dificuldades que possam surgir. Seguir todas as recomendações médicas relacionadas aos remédios, alimentação, prática de exercícios físicos é fundamental para aumentar a qualidade de vida do paciente. O uso de qualquer outro medicamento, álcool e drogas deve ser avisado ao médico para a troca de informações sobre interação e possíveis reações do organismo.
O que é adesão ao tratamento anti-HIV
Aderir ao tratamento para a aids, significa tomar os remédios prescritos pelo médico nos horários corretos, manter uma boa alimentação, praticar exercícios físicos, comparecer ao serviço de saúde nos dias previstos, entre outros cuidados. Quando o paciente não segue todas as recomendações médicas, o HIV, vírus causador da doença, pode ficar resistente aos medicamentos antirretrovirais e isso diminui as alternativas de tratamento.
Seguir as recomendações médicas parece simples, mas é uma das grandes dificuldades encontradas pelos pacientes, pois interfere diretamente na sua rotina. O paciente deve estar bem informado sobre o progresso do tratamento, o resultado dos testes, os possíveis efeitos colaterais e o que fazer para amenizá-los. Por isso, é preciso alertar ao médico sobre as dificuldades que possam surgir, além de tirar todas as dúvidas e conversar abertamente com a equipe de saúde.
Para facilitar a adesão aos medicamentos, recomenda-se adequar os horários dos remédios à rotina diária. Geralmente os esquecimentos ocorrem nos finais de semana, férias ou outros períodos fora da rotina. Utilizar tabelas, calendários ou despertador, como do telefone celular, facilita lembrar os horários corretos para tomar os remédios.
Apoio social
Atualmente, o GIV dispõe para seus membros um espaço para a troca de experiências entre pessoas que já passaram pelas mesmas vivências e dificuldades no tratamento. São as reuniões do GVT - Grupo de Vivência Terapêutica e que também ajudam a promover a adesão, pois possibilita o compartilhamento de dúvidas e soluções e a emergência de dicas e informações importantes para todos.
O suporte social pode também ser dado por familiares, amigos, pessoas de grupo religioso ou integrantes de instituições, profissionais de serviços de saúde e pessoas de outras organizações da sociedade civil (OSC).
Dicas para aderir ao tratamento
Os serviços de saúde possuem equipe multiprofissional, geralmente composta por médicos, psicólogos, enfermeiros, farmacêuticos e assistentes sociais, para darem resposta às dificuldades que possam surgir ao longo do tratamento. Nesses lugares, há diversas atividades que ajudam o soropositivo a seguir as recomendações médicas: grupos de adesão, rodas de conversa e atividades de salas de espera. Além disso, o paciente pode receber orientações sobre os remédios, alimentação e como lidar com os efeitos colaterais, em consultas com mais de um profissional.
Algumas atitudes tomadas dentro de casa facilitam a adesão do soropositivo:
Adesão por crianças e adolescentes
Quando se fala de tratamento entre crianças e jovens, os adultos assumem um papel de grande responsabilidade. Principalmente na infância, familiares e cuidadores devem estar muito bem informados para ajudarem a criança a seguir corretamente as recomendações médicas, ou seja, a aderir ao tratamento.
Para que isso dê certo, o envolvimento da criança ou adolescente é fundamental. Explicações sobre o tratamento devem ser dadas, respeitando o entendimento de cada um. Com informações simples e recursos lúdicos, familiares e profissionais de saúde podem promover boa adesão, evitando omissões ou mentiras que podem, inclusive, comprometer a confiança e o sucesso do tratamento.
Como estimular a criança
Ao indicar os remédios ideais para a criança, o médico precisa considerar o dia a dia dela. O ideal é que os horários das atividades da criança não prejudiquem a rotina dos remédios. Em casos de diagnósticos não revelados a outros, recomenda-se combinar com o médico para que os medicamentos sejam tomados nos momentos em que a criança esteja em casa. Como na maioria das vezes o responsável por dar os remédios é algum adulto, é importante ajustar os horários para não comprometer o tratamento.
Em casos de dificuldade de ingestão do remédio pelo gosto ou cheiro, combinar a tomada com alimentos que reduzam essas sensações (sucos, frutas, doces, etc). A família também deve evitar falas ou gestos negativos sobre a medicação ou mesmo verbalizações de culpa ou pena. É preciso valorizar o lado positivo do tratamento e suas vantagens para a saúde. As crianças precisam ver os remédios como aliados.
Como estimular o jovem
A combinação de remédios indicados para o adolescente deve levar em conta o estilo de vida, hábitos, práticas esportivas, escola, trabalho e vida familiar. Geralmente, aqueles com menos comprimidos e doses têm maior aceitação e adesão, pois são mais simples. O adolescente precisa saber o que é a doença, suas implicações e a importância do tratamento. É importante sempre ouvir o que esse jovem tem a dizer, o que querem saber sobre os diversos aspectos de sua saúde: a soropositividade, os resultados de exames, a ação do vírus no organismo, o papel dos remédios.
Todas as orientações não podem ser infantilizadas e são mais efetivas quando vinculadas ao contexto de suas atividades cotidianas. Por exemplo: as aulas, práticas esportivas, comemoração de uma data especial, namoro e programas de TV. Atividades em grupo são importantes e bem aceitas entre os adolescentes, pois favorecem que conheçam outros jovens soropositivos e troquem experiências, incluindo temas de interesse, como sexualidade, práticas sexuais seguras, escola, amigos e família.
Efeitos colaterais
O tratamento com os medicamentos antirretrovirais traz muitos benefícios aos pacientes: aumentam a sobrevida e melhoram a qualidade de vida de quem segue corretamente as recomendações médicas. Mas, como os medicamentos precisam ser muito fortes para impedir a multiplicação do vírus no organismo, podem causar alguns efeitos colaterais desagradáveis.
Entre os mais frequentes, encontram-se: diarreia, vômitos, náuseas, manchas avermelhadas pelo corpo (chamadas pelos médicos de rash cutâneo), agitação, insônia e sonhos vívidos. Há pessoas que não sentem mal-estar. Isso pode estar relacionado com características pessoais, estilo e hábitos de vida, mas não significa que o tratamento não está dando certo.
Alguns desses sintomas ocorrem no início do tratamento e tendem a desaparecer em poucos dias ou semanas. É importante saber que existem diversas alternativas para melhorá-los. Por isso, é recomendável que o soropositivo procure o serviço de saúde em que faz o acompanhamento, para que possa receber o atendimento adequado. Nesses casos, não recomenda-se a automedicação (pode piorar o mal-estar) nem o abandono do tratamento (causando a resistência do vírus ao remédio).
Além dos efeitos colaterais temporários descritos acima, os pacientes podem sofrer com alterações que ocorrem a longo prazo, resultantes da ação do HIV, somados aos efeitos tóxicos provocados pelos medicamentos. Os coquetéis antiaids podem causar danos aos rins, fígado, ossos, estômago e intestino, neuropsiquiátricas. Além disso, podem modificar o metabolismo, provocando lipodistrofia (mudança na distribuição de gordura pelo corpo), diabetes, entre outras doenças.
O tratamento da aids pode levar ao aparecimento de algumas condições associadas, como a dislipidemia (aumento das gorduras no sangue), hipertensão arterial e intolerância à glicose. A dislipidemia é caracterizada por níveis altos de triglicérides, aumento do colesterol total e do colesterol LDL (mau colesterol) e diminuição do colesterol HDL (bom colesterol).
Dicas de como lidar com os sintomas gastrointestinais mais frequëntes
Em geral, ocorrem logo no início do tratamento e, na maioria dos casos, desaparecem ou são atenuados após o primeiro mês de uso do medicamento. Entre os mais frequentes encontram-se: diarreia, vômitos, náuseas, boca seca, dor ao engolir, azia, prisão de ventre.
A alimentação é muito importante para melhorar alguns sintomas ou efeitos colaterais que podem aparecer com o uso dos medicamentos. Nesses casos, alguns cuidados adequados com a alimentação são fortes aliados e necessários para manter o equilíbrio do organismo, a hidratação do corpo e recuperar o bem-estar.
Fonte: Ministério da Saúde | Departamento de DST, Aids e Hepatites Virais