O GIV em Movimento

Do início do grupo até o momento atual muitas coisas mudaram e nesta trajetória há muita coisa para contar...

Cada vez mais pessoas se juntavam ao grupo, que percebeu que os soropositivos para adquirirem seus direitos precisariam de protagonismo político. E esta foi, e ainda é, a marca do GIV, não é alguém que faz ou diz o que os portadores do hiv/aids precisam ou tem que fazer. Os próprios soropositivos participam e tomam as decisões de suas vidas.

Criamos assim um espaço onde as pessoas vivendo com HIV/Aids não são objetos de ações assistencialistas, paternalistas ou distantes do real, e sim sujeitos que constroem e participam ativamente das decisões de suas vidas e da história coletiva de luta contra a aids.

No momento inicial da constituição do GIV, era grande a falta de perspectiva de vida e recente a organização de soropositivos ao redor de grupos. A afetividade e ajuda mútua eram, predominantemente, o que se tinha para trocar.

No entanto, ao longo do tempo, o grupo de pessoas que estava insatisfeito com a exclusão social, alijamento de direitos, isolamento e falta de perspectivas de vida avaliou que somente a organização coletiva, a criação e fortalecimento de respostas comunitárias possibilitariam a descoberta de caminhos para o enfrentamento da situação em que viviam.

Assim, o GIV, sem perder a afetividade que marcou sua constituição, ampliou sua politização e depois começou a se profissionalizar. Neste caminho, o grupo ampliou suas atividades e o número de seus membros; desenvolveu projetos, criando ações inovadoras; estabeleceu parcerias com diferentes atores sociais: empresas, governos federal, estadual e municipal, mas predominantemente com outras instituições não governamentais, principalmente àquelas ligadas ao combate da epidemia.

Com seu trabalho e as parcerias que estabeleceu, o GIV firmou-se e contribui para o crescimento e fortalecimento das respostas comunitárias de combate à aids assumindo seu papel dentro do quadro de instituições da sociedade civil envolvidas nesta luta.

Estivemos envolvidos técnica e politicamente na maior parte das decisões e reivindicações que são importantes para as pessoas vivendo com HIV/Aids, como por exemplo, a luta por acesso gratuito a medicamentos, a constituição de fóruns e encontros de articulação nacional entre ONG/AIDS e a garantia dos direitos dos soropositivos.

O GIV desenvolve trabalhos relevantes nas áreas de vacinas, ativismo, mulheres, crianças e adolescentes, sustentabilidade; mas o maior mérito do grupo é o trabalho de acolhimento cotidiano desenvolvido por seus voluntários que garante um suporte para as pessoas que nos procuram e contribui para o empoderamento das pessoas vivendo com HIV/Aids.

Ao longo do tempo, o GIV acompanhou as mudanças da epidemia e é aberto às populações por ela atingidas. Hoje, o grupo que funciona numa ensolarada casa na Vila Mariana, é marcado pela diversidade de orientação sexual, origem sócio–econômica, pertencimento étnico/racial, de gênero, idade e escolaridade.