BOLETIM
VACINAS
ANTI HIV/AIDS - NÚMERO 34
PUBLICAÇÃO DO GIV - GRUPO DE INCENTIVO À VIDA - Junho - 2021

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Boletim Vacinas Anti-HIV/AIDS - GIV

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Vacinas
Três ensaios de eficácia, o Brasil participa num deles
Três ensaios de eficácia para vacinas preventivas do HIV em andamento; Brasil participa de um deles
SÃO OS ESTUDOS IMBOKODO, MOSAICO E PREPVACC
A partir de artigos de Radis, Ricardo Vasconcelos e outros

A única vacina experimental que até hoje demonstrou alguma eficácia na prevenção do HIV foi a combinação ALVAC/AIDSVAX (estudo RV144, ver Boletim Vacinas 22 e 23), cujos resultados do ensaio clínico de Fase III foram publicados em dezembro de 2009. No estudo, conduzido na Tailândia com mais de 16 mil participantes, houve redução de cerca de 30% nas infecções entre os indivíduos vacinados, quando comparados com os que receberam placebo.

A VACINA EXPERIMENTAL NOS ESTUDOS IMBOKODO E MOSAICO

Agora pode ser que as coisas comecem a mudar nesse cenário. Uma nova vacina, desenvolvida por pesquisadores da Universidade de Harvard, nos EUA, conseguiu a proteção inédita de 67% em experimentos realizados com macacos.

Ela utiliza como vetor o Adenovírus 26, um vírus inofensivo aos seres humanos, usado na vacina apenas para carregar, enxertado no seu material genético, as informações para a produção de proteínas do HIV.

Ambos os estudos usam quatro doses envolvendo duas vacinas. A primeira vacina, administrada em quatro doses, é chamada de Ad26.Mos4.HIV e usa um vetor de adenovírus projetado, um parente inofensivo do vírus comum do resfriado, para fornecer o chamado ‘mosaico’ de imunógenos – ou antígenos – otimizados para o HIV, que estimulam respostas imunitárias. (O vetor é da mesma família viral usada no estudo STEP, mas as pessoas são testadas quanto a respostas imunológicas pré-existentes, para evitar as respostas adversas do STEP). Depois de injetado em uma pessoa, esse vírus vai se replicar e produzir essas proteínas do HIV, provocando uma resposta de defesa contra elas e contra o HIV, sem que essa pessoa tenha tido qualquer contato com o HIV verdadeiro.

Depois de injetado em uma pessoa, esse vírus vai se replicar e produzir essas proteínas do HIV, provocando uma resposta de defesa contra elas e contra o HIV, sem que essa pessoa tenha tido qualquer contato com o HIV verdadeiro.

A segunda vacina, que é adicionada como reforço às doses terceira e quarta do vetor, consiste em proteínas do HIV sem um vetor. No Mosaico, essa proteína contém um mosaico de sequências genéticas de diferentes subtipos do HIV – daí o nome do estudo.

O ‘mosaico’ é projetado para obter respostas imunitárias tanto do subtipo C, a variedade de HIV mais comum no sul da África, quanto do subtipo B, o principal da epidemia global em homens gays e bissexuais e pessoas trans.

Em seres humanos, já há estudos mostrando que essa nova vacina não tem efeitos colaterais graves e que consegue induzir a produção de anticorpos de maneira satisfatória entre os vacinados. Resta agora saber se, entre seres humanos, esses anticorpos podem proteger de uma infecção por HIV tão bem quanto protegeram os macacos.

ESTUDOS IMBOKODO E MOSAICO

Para responder a essa dúvida, dois grandes ensaios clínicos estão sendo realizados simultaneamente para testar a eficácia protetora da vacina.

O primeiro deles se chama Imbokodo (“rocha” em zulu), estudo que incluiu, entre 2017 e 2019, 2.637 mulheres cisgênero de 18 a 29 anos de idade na África do Sul, Zimbábue, Moçambique, Zâmbia e Maláui. Todos países cuja epidemia de HIV tem alta incidência entre mulheres cisgênero heterossexuais. Em maio de 2019 foi anunciado que o recrutamento para este estudo de Fase IIb havia sido completado.

O Mosaico pretende recrutar 3.800 homens gays ou bissexuais e pessoas transgênero entre 18 e 60 anos nas Américas e Europa

O segundo é o Mosaico. Ele pretende recrutar 3.800 homens gays ou bissexuais e pessoas transgênero entre 18 e 60 anos nas Américas e Europa, regiões que apresentam a epidemia concentrada nestes grupos. Argentina, Brasil, Espanha, EUA, Itália, México, Peru e Polônia serão os países participantes. Mosaico testará um esquema de vacina mosaico similar àquela do Imbokodo, que inclui uma proteína adicional relacionada ao subtipo B do HIV, de grande circulação nas Américas e Europa.

MAIS SOBRE O ESTUDO MOSAICO

O patrocínio é da Janssen Vaccines & Prevention B.V., que fornece as vacinas, rede HVTN (uma colaboração internacional de cientistas, educadores e membros da comunidade que buscam uma vacina anti-HIV efetiva e segura, financiada pelos EUA), e Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas (Niaid) – que integra os Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos.

O objetivo do estudo é responder a quatro perguntas principais: “O esquema de vacinas do estudo é seguro para as pessoas?”; “As pessoas podem tomar o esquema de vacinas sem muito desconforto?”; “O sistema imunológico delas responde ao esquema devacinas?” e “O esquema de vacinas pode prevenir a infecção pelo HIV?”

No Brasil, o estudo vai acontecer paralelamente em oito centros de estudo brasileiros.

O estudo deve finalizar em 2023 se a pandemia de covid-19 não dificultar.

Os participantes incluídos devem ser considerados vulneráveis ao HIV.

Nos dois estudos, os participantes incluídos devem ser considerados vulneráveis ao HIV. Eles serão sorteados para receber aleatoriamente as quatro doses da vacina experimental ou de placebo. Receberão também todo o suporte atualmente disponível para a prevenção do HIV e serão acompanhados por cerca de 2 anos, fazendo testagens trimestrais para esse vírus.

O que se deseja demonstrar é que, entre aqueles que receberem a vacina experimental, a incidência de HIV será menor do que entre os que receberem placebo.

CENTROS NO BRASIL

No Brasil, o Mosaico vai recrutar participantes em:

  • Belo Horizonte, na UFMG;
  • Curitiba, no Centro Médico São Francisco;
  • Manaus, na Fundação de Medicina Tropical;
  • Rio de Janeiro, na Fiocruz e no Hospital Geral de Nova Iguaçu;
  • São Paulo, no Hospital das Clínicas da FMUSP, no Instituto de Infectologia Emílio Ribas e no CRT-DST/Aids-SP.

Alguns desses centros já até começaram as visitas de triagem de participantes.

Se você mora em alguma dessas cidades e se interessou pelo estudo, entre em contato com as instituições participantes para obter mais informações. E mesmo que você não faça parte do grupo alvo da pesquisa, ajude a divulgá-la. Assim, estará ajudando a ciência e a população mundial.

O desenvolvimento de vacinas para a prevenção contra infecções foi certamente a intervenção de saúde pública com o maior impacto até hoje na redução do número de mortes causadas por doenças transmissíveis.

Assim como para a covid-19, uma vacina contra o HIV é uma ajuda muito mais que bem-vinda para a humanidade. Faça parte dessa história.

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