BOLETIM
VACINAS
E NOVAS TECNOLOGIAS DE PREVENÇÃO - Nº 33
PUBLICAÇÃO DO GIV - GRUPO DE INCENTIVO À VIDA - Novembro - 2019

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Boletim Vacinas e Novas Tecnologias de Prevenção Anti-HIV/AIDS - GIV

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PrEP
PrEP e IST
Serviços de PrEP podem melhorar controle de IST, afirma OMS

Representantes da Organização Mundial de Saúde (OMS) afirmaram na 10ª Conferência da Sociedade Internacional de AIDS (IAS 2019) sobre Ciência do HIV, na Cidade do México, que a implementação da profilaxia pré-exposição (PrEP) oferece uma oportunidade para reduzir a incidência de infecções sexualmente transmissíveis (IST), desde que os programas de PrEP e IST sejam melhor coordenados e integrados.

Embora grande parte do debate e da pesquisa sobre a relação entre PrEP e IST tenha se concentrado em homens gay em países de alta renda, os maiores ganhos no controle das IST poderiam ser alcançados em países de baixa e média renda, afirmaram.

As altas taxas de IST em pessoas que usam a PrEP devem estimular os formuladores de políticas, provedores de assistência médica e ativistas a criar melhores serviços, sugeriram os palestrantes. Como as pessoas que poderiam se beneficiar da PrEP mais provavelmente também correm maior risco de adquirem IST, a PrEP pode ser um ponto de entrada para serviços abrangentes de saúde sexual e reprodutiva, incluindo triagem e tratamento de IST. Da mesma forma, clínicas que testam e tratam IST deveriam oferecer PrEP àqueles que se beneficiariam.

Clínicas que testam e tratam IST deveriam oferecer PrEP àqueles que se beneficiariam.

O Dr. Jason Ong, da Universidade Monash, realizou uma revisão sistemática para a OMS sobre a incidência e a prevalência de IST nos programas de PrEP, com 88 estudos. (Ver Boletim Vacinas 32 para informações sobre PrEP e IST.)

Revisão sistemática: uma revisão dos resultados de todos os estudos relacionados a um tema em particular e que satisfaz um critério de seleção pré-determinado.
Jason Ong apresentando na IAS 2019
Dr. Jason Ong apresentando na IAS 2019. | Foto: Roger Pebody

A prevalência de IST já era alta em pessoas que buscavam a PrEP, sendo que 24% tinham clamídia, gonorreia e/ou sífilis inicial no início do estudo. A prevalência foi comparável em países de baixa e média renda (1/3 dos estudos) e em países de alta renda. Foi apenas um pouco menor em estudos envolvendo outras populações que não homens que fazem sexo com homens (HSH) (1/3 dos estudos) do que em estudos que envolvem exclusivamente HSH.

E a incidência foi extremamente alta, enquanto as pessoas estavam em PrEP: para a clamídia, em comparação com uma incidência média global de cerca de 3%, foi de 21% em usuários de PrEP.

A OMS delineou uma série de intervenções necessárias para abordar as IST dentro dos programas da PrEP. Alguns já podem ser entregues: preservativos e lubrificantes, serviços de notificação de parceiros e serviços culturalmente sensíveis para comunidades específicas.

O diagnóstico e o tratamento das IST já existem, mas a OMS afirma que são necessárias mudanças na política e no financiamento.

O diagnóstico e o tratamento das IST já existem, mas a OMS afirma que são necessárias mudanças na política e no financiamento. Em muitos países de renda baixa e média, os serviços de IST contam com a “abordagem sindrômica” – em outras palavras, as pessoas que apresentam sintomas recebem tratamento presuntivo sem que nenhum teste seja feito. Isso pode resultar em tratamento inadequado ou desnecessário, mas, acima de tudo, leva ao subtratamento massivo de IST.

A Dra. Sinéad Delany-Moretlwe, do Instituto de Saúde Reprodutiva e HIV da Wits, disse que a abordagem sindrômica serviu às mulheres jovens particularmente mal. Muitas infecções vaginais são assintomáticas ou causam sintomas leves que os adolescentes podem não reconhecer como sendo devido a uma IST.

Os serviços se baseiam na abordagem sindrômica porque os testes diagnósticos – tanto os testes de amplificação de ácido nucleico (NAAT) realizados em laboratórios quanto os testes no local de atendimento – são proibitivamente caros. Além disso, muitos testes em pontos de atendimento têm desempenho insatisfatório, perdendo até metade das infecções. A OMS diz que o trabalho de advocacy e político é necessário para reduzir os preços e desenvolver testes mais precisos no ponto de atendimento, bem como testes que possam detectar múltiplas infecções.

Outras intervenções futuras necessárias para melhorar os serviços de IST, mas que talvez precisem de trabalho político, são o desenvolvimento de novas vacinas contra IST (além do HPV e da hepatite B) e o monitoramento da resistência antimicrobiana (como a gonorreia, que não responde a antibióticos de primeira ou segunda linha).

“Os programas de PrEP podem fornecer uma oportunidade para o fortalecimento de serviços abrangentes de saúde sexual.”

“Os programas de PrEP podem fornecer uma oportunidade para o fortalecimento de serviços abrangentes de saúde sexual”, disse Jason Ong. A PrEP está atraindo pessoas com comportamentos que as colocam em alto risco para IST; portanto, fornecer triagem e tratamento é uma prioridade.

Porém, a oferta é altamente variada. Ela varia do ideal de uma clínica em Londres, onde testes de ponto de atendimento para IST são integrados à provisão da PrEP; para vários países de média e alta renda, nos quais o único teste de IST oferecido pelos serviços de PrEP é o teste de sangue para sífilis; e para alguns serviços de PrEP na Tailândia, que encaminham clientes para outra clínica para gerenciamento de IST. Amostras retais e de garganta geralmente não são testadas.

A baixa prioridade que os governos e doadores deram às IST, bem como as fontes de financiamento separadas, dificultam o desenvolvimento de serviços integrados de alta qualidade. A Dra. Rachel Baggaley, da OMS, disse que a defesa de direitos era necessária para levar a questão à agenda. “Precisamos da comunidade para exigir melhores serviços de IST”, disse ela.

REFERÊNCIAS:
• Ong J et al. STIs incidence and prevalence in PrEP programmes – highlights from a systematic review. 10th International AIDS Society Conference on HIV Science (IAS 2019), Mexico City, session SUSA07, 2019.
• World Health Organization Prevention and control of sexually transmitted infections (STIs) in the era of oral pre-exposure prophylaxis (PrEP) for HIV. 2019.

Leia também
Edições anteriores
Boletim Vacinas e Novas Tecnologias de Prevenção Anti-HIV/AIDS - GIV

Edição 32
Fevereiro de 2019

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