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AIDS NO BRASIL

27/05/2004 - ESTADO DE SÃO PAULO

Aids: cresce mortalidade de mulheres em 3 regiões

- A taxa de mortalidade entre mulheres provocada pela aids cresceu em três das cinco regiões do País. No Norte, o número de mortes entre o grupo feminino aumentou de forma preocupante: 45,2%. No Nordeste, o salto foi de 37,4%; e no Sul, de 24,9%. Os dados referem-se ao período entre 1996 e 2002. Essa trajetória da epidemia, ao lado da diminuição lenta dos casos da doença na Região Sul são os pontos que mais preocupam o Programa Nacional de DST-Aids.
Ontem, durante a apresentação dos novos números da aids no País, o coordenador do programa, Alexandre Grangeiro, admitiu ser necessário reforçar o trabalho de prevenção e tratamento no Sul. "É preciso que todos os municípios dessa região ofereçam serviços de diagnóstico, terapias de redução de danos para usuários de drogas", ponderou. "Há ainda muita resistência em alguns locais, mas tais serviços têm de ser incorporados à rotina", completou. Para se ter idéia, das 10 cidades com maior incidência de casos de aids no País, 7 estão na região (5 em Santa Catarina e 2 no Rio Grande do Sul). Nos Estados do Sul, segundo Grangeiro, a principal forma de transmissão da doença é por uso de drogas. "A tendência é de que a epidemia por essa via de transmissão seja sempre mais explosiva e, ao mesmo tempo, mais difícil de ser controlada. Foi assim em algumas cidades de São Paulo.
Mas, no Sudeste, houve uma intervenção mais incisiva, além da migração do uso de cocaína para o crack", explicou Grangeiro.
Em números gerais, a taxa de mortalidade por aids no País está estabilizada desde 1999, com uma média de 6,3 mortes por 100 mil habitantes. Esse índice, diz Grangeiro, é fruto da distribuição gratuita de anti-retrovirais. O impacto dessa política, porém, não é sentida com a mesma velocidade nas estatísticas femininas. A redução do número de mortes entre mulheres ocorre numa velocidade pelo menos duas vezes mais lenta do que a registrada entre o grupo masculino. Grangeiro atribuiu os índices ainda elevados de morte entre mulheres a uma falha no sistema de atendimento. "No grupo feminino, o diagnóstico da doença é feito de forma tardia. Uma pena, porque o remédio está disponível para todos. Quando mais elas demoram a iniciar a terapia, maior será o risco de o tratamento não chegar a um resultado adequado."
Os dados desse último boletim também trazem alguns pontos positivos. Entre eles, a estabilização da relação entre casos da doença entre o grupo feminino e masculino. Especialistas estavam preocupados, nos últimos anos, com a explosão de casos entre mulheres. Esse crescimento vertiginoso se interrompeu: a cada 1,8 caso de doença entre homens, registra-se 1 caso entre mulheres. A exceção é entre meninas entre 13 e 19 anos. Nesses casos, a relação se inverte: 1,2 caso entre meninas para 1 caso de menino.