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CARTA DE JOÃO PESSOA

20/05/2004 - Agência Aids

Mais ética e compromisso para erradicar transmissão vertical

Após quatro dias de discussões intensas sobre formas para evitar a transmissão vertical do HIV e outras DST, de melhorar a qualidade da assistência às gestantes soropositivas e de humanizar o atendimento a essas mulheres, chega ao fim o I Congresso Brasileiro de Prevenção a Transmissão Vertical do HIV e outras DST e o I Fórum Brasileiro das Cidadãs Positihivas, que aconteceu em João Pessoa, PB, entre os dias 16 a 19 de maio.
Mais de 1 200 profissionais de saúde, gestores e pessoas vivendo com HIV/Aids, entre elas 120 Cidadãs Posithivas, aprovaram um documento intitulado “Carta de João Pessoa”. Nesta, os participantes pedem um maior comprometimento ético e uma melhoria na qualidade dos serviços prestados à população vivendo com HIV/Aids, em especial às gestantes. O documento exige uma especial atenção para as regiões norte e nordeste, as mais carentes ao acesso a insumos básico para diminuir as taxas de transmissão vertical do HIV e outras DST. É nesta parte do país em que há menor cobertura de atenção às gestantes soropositivas e onde a epidemia mais avança entre o público feminino.
Segundo dados do Ministério da Saúde, o Brasil tem 17.200 gestantes soropositivas por ano. Destas, apenas 6.661 foram devidamente assistidas no ano passado. O nordeste tratou apenas 13,9% dos casos; o norte, 20,9%; o centro-oeste, 35,7%; o sudeste, 45,4% e o sul, 53,9%.
Enquanto o congresso cobra mais ética e comprometimento, as Cidadãs Posithivas redigiram um manifesto no qual exigem a melhoria da qualidade dos serviços, o fim da falta de medicamentos, exames e da forma Láctea (leite que seus filhos têm que tomar para evitar a transmissão pelo aleitamento). Este manifesto foi lido na plenária de encerramento do congresso por uma gestante soropositiva. O documento será entregue a todos os coordenadores estaduais, municipais e para o diretor do Programa Nacional de DST/Aids.
Os problemas levantados pelos participantes do congresso e do fórum são resultado de uma política de descentralização realizada pelo Ministério da Saúde, que ainda não foi bem assimilada gestores estaduais. Desde que foi passada aos estados a responsabilidade pela compra destes insumos as pessoas que vivem com HIV/Aids enfrentam a falta dos mesmos. Recentemente, o Ministério da Saúde reassumiu a compra dos exames de carga viral, CD4 e CD8. Isto após muitas manifestações dos soropositivos que necessitam destes kits para monitorar a taxa de infecção do vírus e as células de defesa do organismo.
Enquanto os gestores de saúde não se adaptam a mais esta responsabilidade, os participantes do Congresso e a sociedade civil organizada exigem mais comprometimento por parte destes profissionais na compra destes insumos. Pois, só dessa forma as pessoas que vivem co HIV/Aids poderão ter uma melhor qualidade de vida.