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A SITUAÃÃO NA ÃFRICA DO SUL

20/05/2004 - Reuters

Começa a faltar espaço para os mortos por Aids na Ãfrica do Sul

As cidades sul-africanas estão ficando sem espaço para enterrar seus mortos, de acordo com responsáveis pelos cemitérios, que enfrentam um aumento de mortes por Aids no país mais atingido pela epidemia no mundo.
A África do Sul possui 5,3 milhões de pessoas infectadas com o vírus da Aids em uma população de 45 milhões de habitantes.
Como a Aids geralmente demora 10 ou 11 anos para matar uma pessoa de 25 anos relativamente saudável, somente agora é que os casos do início dos anos 1990 estão fazendo vítimas.
"Cinco anos atrás, enterrávamos cerca de oito corpos em um sábado. Hoje, são entre 45 e 50", disse Thembinkosi Ngcobo, chefe dos cemitérios de Ethekwini.
A maioria não admite ter o vírus HIV por causa do preconceito. "Cerca de 80 por cento dessas 45 mortes são de pessoas entre 18 e 30 anos, a maior parte por 'causas naturais"', afirmou Ngcobo.
Autoridades disseram esta semana em Durban, a maior cidade na Província de KwaZulu-Natal, a mais afetada, que o espaço necessário anualmente para cemitérios havia dobrado na última década para mais de 12 hectares.
O departamento de cemitérios afirmou que o boom de covas está relacionado ao aumento de mortes "causado pelo flagelo da Aids em nossa sociedade".
Na capital Pretória, as autoridades informaram que todas as covas disponíveis serão preenchidas até 2009, enquanto os 33 hectares da Cidade do Cabo para essa finalidade estarão esgotados em dois anos.
A falta de espaço para enterrar os mortos está mudando a relação da comunidade negra com a cremação, normalmente associada ao fogo do inferno. Mas em muitas áreas menos de um por cento da população negra é cremada, dizem as autoridades.