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O CONTROLE DA EPIDEMIA NO MUNDO

13/05/2004 - Reuters e AFP

Falta de controle da aids ainda ameaça o mundo, afirma OMS

Doença já matou 20 milhões e, se países não agirem, trará grande impacto socioeconômico

GENEBRA - O mundo não está pronto para o grande impacto social e econômico da aids, que matou mais de 20 milhões de pessoas nos últimos 25 anos. O alerta foi feito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) no Relatório Mundial de Saúde 2004, que neste ano está centrado nessa doença, causa principal de morte entre as pessoas de 15 a 59 anos em todo o mundo.
O relatório, de 170 páginas e apresentado ontem à imprensa, será lançado na próxima semana na assembléia mundial da OMS, que reunirá em Genebra autoridades dos cerca de 190 países que fazem parte desse organismo, incluindo o Brasil.
"Ainda que seja um inimigo conhecido há mais de 20 anos, só agora se começa a ver o HIV e a aids como o que realmente são: uma ameaça excepcional para a humanidade, cujo impacto será sentido pelas gerações futuras", diz o documento, que pede a governos, iniciativa privada e sociedade civil que se esforcem para o tratamento de aids estar disponível para pelo menos 3 milhões de pessoas até o fim de 2005. Atualmente, dos 6 milhões de infectados em todo o mundo, só 400 mil têm acesso ao tratamento.
A organização alerta também para o fato de os governos muitas vezes darem muito prioridade à prevenção e não investirem em programas de tratamento.

Propagação - O diretor-geral da OMS, Lee Jong-wook, disse que é preciso agregar tratamentos médicos comunitários às técnicas de prevenção e cuidado dos pacientes aos programas de luta contra a aids.
A Índia - onde se estima que há 4,5 milhões de pessoas com o vírus - enfrenta uma "maré" de aids e pode ter ultrapassado a África do Sul como o país mais afetado por essa doença, disseram funcionários de alto escalão da OMS e do Fundo Mundial de Luta contra a Aids, a Tuberculose e o Paludismo.
O esforço internacional combinado para proporcionar os últimos tratamentos aos doentes e promover formas de evitar o contágio poderia reverter essa "maré", conforme o relatório. Mais de 90% das vítimas vivem em 34 países, dois terços deles na África.
Exemplo brasileiro - O documento da OMS cita o Brasil como o primeiro país em desenvolvimento a oferecer a terapia anti-retroviral gratuita e universal e um dos primeiros a obter uma trégua no crescimento da aids. A OMS elogia a rapidez na resposta que o País deu à epidemia (a partir de 1983) e os resultados obtidos com a introdução da terapia anti-retroviral em 1996.
De acordo com a OMS, esses bons resultados refletem a força de uma decisão política adotada precocemente, o que pôde evitar uma explosão da epidemia, como previa o Banco Mundial em 1990. A estimativa era de que o País teria, em 2000, 1,2 milhão de infectados, mas esse número não passa de 600 mil atualmente.
A OMS afirma que as lições do Brasil em formar parcerias com organismos internacionais, setor privado, ONGs e comunidades para pôr o seu programa anti-aids em prática devem ser seguidas pelos outros países.