Notícias

A VIOLÃNCIA E A AIDS

02/05/2004 - Reuters

Mulher com parceiro violento tem risco 50% maior de pegar Aids

Mulheres cujos parceiros são violentos e dominadores têm 50 por cento a mais de risco de ser infectadas com o HIV, o vírus da Aids, disseram cientistas na sexta-feira.

O primeiro estudo a analisar o impacto da violência como fator de risco para o HIV na África do Sul, feito com mulheres grávidas, mostrou que mulheres com relacionamentos abusivos tinham incidência de infecção 50 por cento maior.

Na pesquisa, publicada na revista The Lancet, a equipe de Rachel Jewkes, do Conselho de Pesquisa Médica de Pretória, entrevistou 1.366 grávidas em quatro clínicas de Soweto, perguntando sobre seu parceiro, seu comportamento sexual e a violência no relacionamento. As mulheres também fizeram exames para detectar o HIV.

Cinquenta e cinco por cento das mulheres afirmaram sofrer abusos físicos ou sexuais por parte de seu parceiro. Mais de 30 por cento haviam sofrido violência nos últimos 12 meses, e 20 por cento haviam sido atacadas mais de uma vez no último ano.

"Só esses números já são algo em que as pessoas precisam pensar em termos de aconselhamento e de serviços de testes", disse Kristin Dunkle, da Universidade de Michigan, co-autora do relatório.

Os especialistas em Aids apostam no trio abstinência, fidelidade e camisinha para evitar a doença, mas essa estratégia não funciona se as mulheres forem forçadas a ter relações sexuais.
"Esse trio presume que a pessoa tenha um certo nível de controle sobre seu próprio comportamento e o de seu parceiro. Se isso for uma falácia, como é para muitas mulheres, é preciso pensar de modo muito diferente sobre como intervir", afirmou Dunkle.

No início deste ano, a Unaids (órgão da Organização das Nações Unidas que lida com a Aids) e ativistas da igualdade entre os sexos lançaram uma coalizão para aprimorar a prevenção e o tratamento de jovens e meninas com HIV/Aids, principalmente na África, onde há duas mulheres infectadas para cada homem com o vírus.

No mundo todo, metade das 40 milhões de pessoas que adquiriram o vírus são mulheres. A doença matou 3 milhões de pessoas só no ano passado.

De acordo com a Unaids, 20 por cento das mulheres grávidas do sul da África estão infectadas. Na África do Sul, a proporção varia entre 22 e 25 por cento.