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CONGRESSO MUNDIAL DE AIDS

08/12/2003 - O GLOBO

As pessoas estão se arriscando

Diretor da clínica de HIV da Universidade Johns Hopkins, Joel Gallant está em Punta Del Este, no Uruguai, para o 8 Congresso Mundial de Aids. De lá, ele falou ao GLOBO por telefone.

O subtipo C do HIV está se disseminando e deverá predominar em todo o mundo. Quais podem ser as conseqüências?
JOEL GALLANT: As razões (de isso ocorrer) não são bem entendidas. Não se sabe se o vírus é mais agressivo, mas há diferença na forma como a resistência às drogas ocorre em relação aos diferentes subtipos. É possível vermos mudanças na epidemia em todo o mundo e isso pode afetar também a terapia.

Especialistas da OMS afirmam que estamos perdendo a luta contra a doença. O senhor concorda?
GALLANT: Concordo, especialmente em relação a África e Ásia, onde há pouca prevenção. Mas também começamos a ver em países desenvolvidos um aumento da epidemia. As pessoas parecem não estar mais preocupadas, estão se arriscando mais. Isso muda o padrão epidemiológico da doença, que começa a atingir mais usuários de drogas, marginalizados em geral, mais avessos à terapia.

Existem novas drogas promissoras sendo estudadas? E vacinas?
GALLANT: As pesquisas mais estimulantes são sobre drogas que impedem o vírus de entrar nas células. Trata-se de um novo alvo e há tempos não tínhamos um. Quanto a vacinas preventivas, acho mais difícil. O vírus muda muito rapidamente.