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SUSTENTABILIDADE DAS ONGS

19/08/2011 - Agência Aids

ERONG SUDESTE 2011

ONGs/Aids precisam aperfeiçoar as estratégias de captação de recursos, defendem ativistas durante o Erong Sudeste

Qualificação do discurso, planejamento em médio prazo e sensibilidade para lidar com voluntários. Estas são algumas estratégias que podem ser utilizadas para combater as dificuldades financeiras das ONGs, segundo ativistas. que participam do Encontro Regional de ONG/Aids (Erong) do Sudeste. O evento começou nesta quinta-feira, dia 18, e segue até sábado em Volta Redonda (RJ) com cerca de 130 participantes.

“Há tempos reclamamos que precisamos cortar ações e funcionários por falta de recursos, mas pouco fazemos para mudar essa situação”, criticou o militante do Instituto Vida Nova, de São Paulo, Américo Nunes (à esquerda na foto). “O resultado é que ficamos reféns dos editais de financiamento lançados pelo poder público e temos que adequar nosso trabalho ao que o selecionador exige.”

Segundo Américo, muitas empresas deixam de apoiar ONGs de combate à aids porque não querem relacionar a marca à doença. “Precisamos mudar nosso discurso. Quando formos apresentar a instituição, podemos começar dizendo que atuamos pela promoção da saúde”, exemplificou.

O ativista também afirmou que é preciso tratar o voluntário adequadamente. “Temos que respeitar a disponibilidade de horários e a disposição que o voluntário possui para determinadas tarefas. Se a pessoa não está satisfeita ela irá embora, e essa é uma mão de obra muito importante.”

Américo expôs alguns casos da entidade em que trabalha. Em um contrato de apoio do Malhação Vida Nova, um projeto de atividade física para combater a lipodistrofia em doentes de aids, o militante colocou uma rubrica para contratar um captador de recursos pelo período de um ano.

Em outra experiência, o Vida Nova conseguiu que uma empresa contratasse cinco funcionários para trabalhar na entidade não governamental por meio das cotas* para trabalhadores com necessidades especiais. “Isso foi possível porque no Vida Nova existem pessoas vivendo com aids que possuem sequelas da doença.” É dessa forma que ficam garantidas na entidade as funções de recepcionista, manutenção da casa e telefonista, entre outras.

Já o representante da Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids (Abia), Veriano Terto, ressaltou a importância do discurso qualificado para conseguir financiamentos de empresas estrangeiras.

Segundo Veriano, muitos agentes do exterior reconhecem que os militantes brasileiros possuem expertise na construção de políticas e promoção da cidadania. "Eles vem aso Brasil contribuir com essas ações e terem referência de estratégias a serem executadas em países menos desenvolvidos”, explicou. “Para conseguir esses apoios, temos que mudar o discurso das necessidades individuais e argumentar sobre o que a sociedade precisa.”

Sobre o Erong

O Encontro Regional de ONG/Aids do Sudeste é uma realização dos Fóruns de ONG/Aids do Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Ao longo de três dias, estão sendo realizados debates com o objetivo de criar propostas a serem discutidas no Encontro Nacional de ONG/Aids, em novembro, e indicar ativistas para diferentes comissões e conselhos.

*A Lei 8.213/91 determina cotas mínimas de trabalhadores com algum tipo de deficiência para as empresas com 100 ou mais empregados.