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CREME ANTI-AIDS

18/02/2008 - Reuters

Creme anti-Aids para mulher é seguro mas ineficiente

Creme anti-Aids para mulher é seguro mas ineficiente, diz estudo

Um creme desenvolvido para proteger as mulheres contra o vírus da Aids não evitou a contaminação, mas se mostrou seguro, o que alimenta esperanças de que possa ser combinado com outros remédios e substâncias a fim de aumentar sua eficiência, disseram pesquisadores na segunda-feira.
O produto, chamado Carraguard, é o primeiro creme anti-HIV a passar por estágios de teste avançados em mulheres e a se mostrar seguro.
"Ficamos desapontados com o fato de esse teste não ter mostrado que o Carraguard seja eficiente; apesar disso, o fato de termos completado esse estágio de teste significa um avanço importante nas pesquisas sobre a prevenção da Aids", disse Peter Donaldson, presidente do Conselho Populacional, entidade que patrocinou o estudo.
"O teste contribuiu de forma significativa para o corpo de dados sobre o desenvolvimento de produtos, sobre o planejamento de testes e sobre a disposição das mulheres e de seus parceiros em utilizarem um gel de maneira continuada."
Os microbicidas são produtos que, na forma de gel ou creme, poderiam ser aplicados na vagina ou no ânus a fim de evitar a transmissão do vírus da Aids.
Até agora, as tentativas de desenvolver uma substância do tipo fracassaram.
Os testes com o Carraguard começaram em março de 2004 e envolveram 6.202 mulheres da África do Sul. Metade delas utilizou o Carraguard, um gel inodoro e insípido. A outra metade, usou um placebo.
Todas as mulheres receberam aconselhamento sobre como evitar o HIV e foram munidas de preservativos.
Após três anos, 134 mulheres que usavam o Carraguard foram contaminadas. No grupo das que receberam o placebo, houve 151 novos casos da doença. Essa diferença, do ponto de vista estatístico, é irrelevante, afirmaram os pesquisadores.
Mas o Carraguard, de outro lado, não aumentou as chances de contaminação.
Os outros dois microbicidas em fase final de testes acabaram por tornar as mulheres mais vulneráveis ao vírus da Aids -- um espermicida chamado nonoxynol-9 e um produto conhecido por Ushercell.
Na África do Sul, 18 por cento da população possuem o HIV. As mulheres respondem por 55 por cento desse grupo, e a maior parte delas adquiriu o vírus em relações sexuais mantidas com homens.
Os especialistas acreditam que as mulheres precisam de um produto capaz de protegê-las, porque os homens recusam-se a usar preservativos.
Entre os outros microbicidas desenvolvidos atualmente contam-se gel tenofovir, um gel chamado PRO 2000/5 e o remédio maraviroc.

(Por Maggie Fox)