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HOMOSSEXUALIDADE MASCULINA E HIV/AIDS

11/06/2006 - Agencia Aids

Seminário em São Paulo

Teve início nesta sexta-feira, 9, em São Paulo, o seminário “Homossexualidade Masculina e HIV/Aids – 25 anos de epidemia”, realizado pelo Grupo de Incentivo à Vida (GIV), Associação Interdisciplinar de Aids (ABIA) e do grupo Lutando Pela Vida. O objetivo do evento é proporcionar reflexões sobre a homossexualidade masculina e a soropositividade ao HIV, promovendo o fortalecimento das respostas para o enfrentamento da epidemia.
O presidente do GIV, Claudio Pereira, declarou esperar “que ao final deste encontro nós consigamos levantar propostas e encaminhá-las aos programas, em seus diversos níveis, para que sejam feitos trabalhos mais efetivos tanto na área de prevenção primária como secundária, assim como na prevenção de doenças oportunistas em relação aos homossexuais e ao HIV/Aids.” Ele acrescentou que “a prevenção secundária é muito importante, não só a distribuição do preservativo. Precisamos pressionar os programas para saber quais os métodos de prevenção estão sendo feitos e quais os resultados.”
A mesa de abertura teve como tema o “Panorama das Políticas Públicas sobre Homossexualidade e HIV/Aids” e teve a participação do integrante do GIV, Jorge Beloqui; de Marcos Benedetti, do Programa Nacional de DST/Aids; Ronaldo Gomes Neves, do Fórum Paulista GLBTT. A corodenação foi do integrante do grupo Pela Vidda de São Paulo, Mário Scheffer.
Beloqui informou que o índice de infecção pelo HIV entre os homens que fazem sexo com homens (HSH) é 18 vezes maior do que entre os homens heterossexuais. Para diminuir a vulnerabilidade dos HSH em relação a Aids, ele acredita que pode se fazer muito já nos serviços de saúde, na hora em que chegam homossexuais, fazerem políticas especiais, de cuidados especiais para eles não desenvolverem Aids. “A gente mostrou que o risco dos homossexuais desenvolverem Aids é muito maior do que entre os heterossexuais. Então, eles deveriam ser alvos de políticas especiais de saúde quando eles caem nos serviços públicos. Pelo menos, isso certamente tem que ser feito e isto eu não vejo sendo feito na atual realidade,” declarou.
Marcos Benedetti, do Programa Nacional de DST/Aids, citou como principais diretrizes para diminuir a prevalência do HIV neste grupo, o fortalecimento dos HSH, a parceria entre governo e sociedade civil e “financiamento de ações que busquem a visibilidade e o empoderamento de gays e outros HSH.” Entre as ações desenvolvidas pelo governo nesse sentido, Benedetti citou a descentralização do SUS; o apoio a respostas da sociedade civil, à pesquisa e estudos e às paradas GLBT; mobilização de gestores; e o programa “Brasil sem Homofobia”.
A importância do movimento GLBTT para uma resposta à epidemia foi enfatizada por Ronaldo Gomes Neves. “O movimento de Aids surge justamente dentro do movimento gay como resposta à epidemia. E durante todo este tempo, os dois se cruzaram e se viraram parceiros. Eu acho que é uma ação muito conjunta, muito comum. Nós estamos muito irmanados,” afirmou ele. Gomes acredita que “este é um momento de repensar as ações feitas durante estes 25 anos de epidemia. Como é que os dois movimentos podem enfrentar os novos desafios deste momento? Acho que trabalhar a questão da integralidade das ações de saúde, trabalhar o enfoque nas diversas dimensões do ser humano e, sobretudo, trabalhar no enfoque da diversidade sexual. A Aids é uma epidemia que atinge não só a gays e é preciso a gente ter uma atenção voltada para transexuais, travestis, bissexuais e lésbicas,” concluiu.
O seminário ““Homossexualidade Masculina e HIV/Aids – 25 anos de epidemia”, que faz parte do IX Encontro de Profissionais e Educadores que Trabalham com Portadores do HIV/Aids”, terá prosseguimento neste sábado, 10, com as mesas “Sexo seguro: escolhas e possibilidades”; “Sexo positivo e homossexualidades”; “Direitos Humanos”; e “A homossexualidade em diferentes fases da vida”.