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O MODELO BRASILEIRO EM AIDS

08/12/2003 - Reuters

OMS associa-se ao Brasil na luta global contra a Aids

A Organização Mundial de Saúde (OMS) anunciou no domingo que vai usar o programa de tratamento de HIV/Aids do Brasil como modelo em sua batalha para medicar três milhões de pessoas pobres em todo o mundo até 2005.
A política brasileira de quebrar patentes caso as empresas farmacêuticas se recusarem a reduzir os preços lhe permite fornecer drogas anti-retrovirais a 135.000 pessoas, quase a metade dos 350.000 que recebem esses medicamentos em todo o mundo em desenvolvimento.
"O programa de HIV/Aids do Brasil é um modelo para todos os países em desenvolvimento", disse em Brasília o diretor-geral da OMS, Jong-Wook Lee, durante uma conferência mundial de saúde.
A OMS estima que seis milhões de pessoas em países pobres precisam de tratamento anti-retroviral, que muitos infectados pelo HIV de países ricos recebem normalmente.
Somente neste ano, cinco milhões de pessoas foram infectadas pelo HIV e três milhões de pessoas, ou quase 8.000 por dia, morreram dele, o que torna crucial o tratamento universal de HIV/Aids nos países em desenvolvimento.
O Brasil evitou uma epidemia de Aids mais séria com a sua produção de cópias genéricas baratas de drogas patenteadas. O país possui atualmente 600.000 pessoas vivendo com o HIV, bem menos do que a estimativa de 1,2 milhão até 2000, feita em meados da década de 1990.
Como parte de sua cooperação com a OMS, o Brasil está estudando a produção de medicamentos que a organização planeja usar no chamado plano "3-por-5", de baixo custo em laboratórios públicos e privados.
Uma alternativa seria a construção de uma fábrica brasileira em Moçambique, que atenderia às necessidades de países próximos.
"Não estamos interessados em produzir remédios para ganhar dinheiro, mas em produzi-los a um custo extremamente baixo para pessoas que precisam deles", disse o ministro da Saúde, Humberto Costa.
Neste ano, a OMS recrutou o ex-diretor do programa de HIV/Aids do Brasil, Paulo Teixeira, para comandar sua investida contra a doença.
Segundo Lee, a experiência brasileira seria crucial para a política de preços e licenciamento da OMS, bem como auxiliaria na realização de diagnósticos e seleção de pacientes, garantindo que as pessoas tomem os medicamentos todos os dias para o resto de suas vidas.
"Em termos de combate ao HIV/Aids ainda nem começamos no mundo em desenvolvimento, mas quando começarmos, com força total, nós venceremos", disse Lee.